sábado, 18 de outubro de 2014

Ilha das Flores: antiga hospedaria de imigrantes em São Gonçalo é aberta a visitas

Pessoas de todos os cantos do mundo passaram pelo espaço entre o fim do século XIX e o ano de 1966

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SÃO GONÇALO - Desconhecido por boa parte dos moradores da região, um dos marcos da história da imigração no Brasil está em São Gonçalo, e é aberto a visitações desde 2012. No espaço que hoje abriga a Base Naval da Ilha das Flores, às margens da BR-101, na altura do bairro Neves, funcionou a primeira hospedaria de imigrantes do país.
— A hospedaria fazia parte de uma política pública para a imigração. Era um dispositivo para dar suporte aos estrangeiros de baixa renda que chegavam ao país. Todo passageiro de terceira classe dos navios que aportavam no Rio de Janeiro era obrigado a passar pela ilha, onde recebia abrigo, tratamento médico e orientações para conseguir um emprego — explica o historiador Thiago Rodrigues Nascimento, do Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores.
Segundo ele, a escolha do local foi estratégica. A ideia principal era que a hospedaria fosse afastada do centro urbano, mas nem tanto:
— O estrangeiro não tinha contato com a população. O objetivo era protegê-lo, já que o Rio era infestada de doenças na época.
Pessoas de todos os cantos do mundo passaram pelo espaço entre o fim do século XIX e o ano de 1966, quando ela foi extinta. No entanto, é possível definir perfis predominantes em cada período. No início, a maioria era de colonos vindos de Alemanha, Portugal e Itália. Já no pós-guerra, o perfil predominante é de refugiados do Leste Europeu.
Uma das pessoas que passou por lá foi Elke Maravilha. Em 1951, quando tinha 6 anos, ela desembarcou com a família no Rio e passou dias na hospedaria antes de se fixar na cidade de Itabira (MG):
— Viemos para o Brasil porque papai era refugiado político da Rússia. Eu era muito pequena... Não tenho lembranças dos dias na hospedaria.
O nome Ilha das Flores pode soar estranho nos dias de hoje, já que é possível visitá-la de carro ou a pé sem precisar de passar por qualquer ponte. Isso acontece porque durante a construção da BR-101, houve um aterramento ligando o território ao continente.
As visitas devem ser agendadas pelo site da hospedaria.


















Preservado . Antigos alojamentos ainda guardam arquitetura original - Felipe Hanower / felipe hanower

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