terça-feira, 29 de abril de 2014

PAC Cidades Históricas tem apenas três de 29 ações em obras no Estado

Dos 29 pontos que seriam revitalizados em Porto Alegre, Pelotas, Jaguarão e São Miguel das Missões no PAC Cidades Históricas, só três estão em obras.
Há risco de os responsáveis perderem os mais de R$ 150 milhões de verba federal aplicados no projeto. E de os patrimônios — muitos centenários — seguirem em agonia. Para isso não acontecer, é preciso publicar a licitação de cada obra até julho deste ano. Fora os três prédios históricos já em restauração, só um cumpriu a exigência até agora.
A maioria das informações vem de um relatório sobre o andamento do PAC no Rio Grande do Sul. Nele, consta que há obras apenas no Mercado Público de Porto Alegre. O restante dos projetos ainda estaria na primeira etapa, a "ação preparatória".
— Inicialmente o Mercado Público de Porto Alegre não estava no PAC. Mas quando houve o incêndio, a presidente Dilma (Rousseff) ligou para o Fortunatti (prefeito da Capital) para incluí-lo no programa imediatamente. Por isso, e por já ter um projeto pronto, andou mais rápido do que os demais — explica a coordenadora do PAC Cidades Históricas em Porto Alegre, Briane Bicca.
Como o relatório foi divulgado neste mês, mas as informações são de dezembro, há atualizações em Jaguarão. Lá, a reforma do Teatro Esperança já está quase no fim e em junho o local deve ser reinaugurado. Também está sendo finalizada a restauração da antiga Enfermaria Militar.
Em Pelotas, nenhuma licitação foi publicada. Com 180 anos, o Theatro Sete de Abril permanece fechado por risco de desabamento. Atualmente, o prédio passa por uma reforma no teto, mas os recursos do PAC — que iriam financiar o restauro de todo o resto, como cadeiras e paredes — não estão garantidos até a publicação da licitação. Gerente de memória e patrimônio da cidade, Gisela de Albuquerque Frattini é otimista:
— Se avançarmos um pouquinho mais, tudo vai dar certo. 
A reforma do Cine Regente, que abriu em 1957, e cerrou as portas na década de 1990, é uma das mais esperadas em Jaguarão. O imóvel permanece fechado. O governo aprovou a restauração, mas não está certo se o prédio, que é privado, será contemplado.

O pipoqueiro Sebastião Sarmento Leite é um dos mais ansiosos. Quando o cinema funcionava, era comum vê-lo ocupando uma das 900 cadeiras do Regente.
— Um menino que vendia amendoim cuidava (das pipocas) para mim e eu ia lá ver filmes. — conta Leite, que, aos 15 anos, cuidava da barraca de pipoca do pai.
A restauração foi aprovada, mas não está certo se o prédio, que é privado, será contemplado.
— Estamos regularizando a situação da sociedade para depois ver a questão do restauro — diz o advogado Filipe Ribeiro.
A secretaria adjunta de Cultura e Turismo, Andréa da Gama Lima, sonha com sessões gratuitas, já que a administração seria compartilhada com a prefeitura. Mas admite dificuldades. Para garantir a verba precisa que a licitação seja lançada até julho, e, antes, as pendências jurídicas têm que ser resolvidas.

O guardião do Mercado Municipal de Jaguarão

Lino Melgari, zelador e guardião do Mercado Municipal de Jaguarão, evita arrombamentos noturnos e espalha boatos de que câmeras de seguranças guarnecem um dos patrimônios arquitetônicos da cidade fronteiriça. Tenta proteger como pode o prédio que iluminou a sua infância.
— Era tão bonito, tão bonito. E tinha tanta gente, tanta gente — repete no eco do mercado vazio.
A construção do século 19 foi fechada pelo Corpo de Bombeiros no ano passado. Os poucos vendedores que resistiam à má conservação do prédio tiveram que sair. É uma das apostas do PAC com maior chance de sair do papel: já teve a licitação publicada e, assim, tem garantia de restauro.
Melgari espera rever o mercado movimentado. É provável que as carroças que traziam alimentos do Interior e os meninos que "usavam tamancas" fiquem apenas no passado. Mas, reformado, acredita Melgari, o mercado voltará a receber velhos amigos que tomavam mate e jogavam conversa fora enquanto faziam suas compras.

Veja as obras do PAC Cidades Históricas no RS
Jaguarão
Restauração da antiga Inspetoria Veterinária
Restauração da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo
Finalização da restauração do Teatro Esperança
Requalificação da Praça Dr. Alcides Marques e Largo das Bandeiras
Restauração do antigo Fórum — Casa de Cultura
Restauração do Casarão Clube Social 24 de Agosto
Restauração do Casarão da Prefeitura Municipal
Restauração do Casarão do Clube
Restauração do Cine Regente
Restauração do Mercado Público
Universidade Federal
Finalização da restauração da antiga Enfermaria Militar - Centro de Interpretação do Pampa - Unipampa
Sinalização turística
Pelotas
Etapa final da restauração da Casa 2 - Centro Cultural Adail Bento Costa
Implantação do Museu da Cidade de Pelotas (Casa 6)
Requalificação da Pça. Cel. Pedro Osório e travessias acessíveis (Etapa final)
Restauração dos galpões anexos à Estação Férrea - Centro Administrativo Municipal
Restauração Sete de Abril
Etapa final da obra do Antigo Grande Hotel
Sinalização turística
Porto Alegre
Etapa final da restauração do Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa
Restauração da antiga sede dos Correios - Memorial do Rio Grande do Sul e o Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul
Restauração do Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Restauração do Museu Júlio de Castilhos
Finalização da obra de restauração do Palacete Argentina e anexo - Iphan
Finalização da requalificação da Praça da Alfândega
Finalização da restauração do Casarão da Pinacoteca Rubem Berta
Requalificação da Praça da Matriz e restauração do Monumento à Júlio de Castilhos
Restauração do Mercado Público
Construção do Centro de Convenções
São Miguel das Missões
Implantação do Complexo Cultural do Sítio de São Miguel Arcanjo: Sede do Iphan, anexo do Museu das Missões, Centro de Atendimento ao Turista e Centro de Interpretação das Missões e Centro Cultural
Requalificação urbanística do entorno do Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo
Implantação de sistema de proteção contra descargas atmosféricas nas Ruínas de São Miguel
Sinalização turística

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2014/04/pac-cidades-historicas-tem-apenas-tres-de-29-acoes-em-obras-no-estado-4485007.html 

















 
Mercado Municipal de Jaguarão é uma das obras que devem sair do papel na cidade, pois já teve a licitação publicada
Foto: Marcel Ávila/Especial

















 
Inaugurado no século 19, construção foi fechada pelos bombeiros da cidade no ano pasado
Foto: Marcel Ávila/Especial


















Lino Melgari é o zelador do Mercado Municipal de Jaguarão, uma das obras que deve sair do papel (Foto: Marcel Ávila, Especial)


















Cine Regente, outra construção de Jaguarão, pode ficar de fora do PAC: ainda não teve a licitação encaminhada
Foto: Marcel Ávila/Especial


















Pipoqueiro Sebastião Sarmento Leite trabalhava com o pai no Cine Regente Foto: Marcel Ávila, Especial)

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