Por Bárbara Nicola*
Entre 1959 a 1963 e estado do Rio Grande do Sul,
governado por Leonel Brizola, implantou um projeto na tentativa de
erradicar o analfabetismo no estado, intitulado: “Nenhuma criança sem
escola no Rio Grande do Sul”. Foi então que surgiram as chamadas
“Brizoletas”, ou escolhinhas do Brizola, que gerou, além de grande
número de contratação de professores, um grande aumento de matrículas
escolares. Este processo sobrevive na memória de muitos municípios por
todo o estado, como é o caso também do nosso município, Barra Funda.
As escolas tinhas algumas características bem específicas e muitas se
situavam no interior dos municípios. Segundo Quadros**, 2002,
[...] Eram feitas em madeira e, no geral, tinham uma ou duas salas de
aula. O projeto arquitetônico das Brizoletas era padronizado, podendo
variar o número de salas de aula conforme cada plano de construção. No
meio rural, com frequência, as condições e as possibilidades de acesso à
escola eram, no geral, mais difíceis que no meio urbano. Os poucos
prédios escolares, as grandes distancias e a participação das crianças
nas atividades agrícolas eram empecilhos concreto à frequência normal à
escola [...]
Na região de nosso município, as escolinhas foram implantadas na
mesma época, entre 1959 e 1963, no então distrito de Sarandi, a quem
pertencíamos, antes de sermos emancipados. Foram duas escolinhas, uma na
localidade da Linha Santa Lúcia e outra na localidade de Linha Carijo.
Em 2010, um projeto desenvolvido por alunos da 8ª série do Ensino
Fundamental da Escola Municipal Barra Funda, com a ajuda das professoras
da disciplina de história da escola, direção, coordenação e da
Secretaria de Educação do município, iniciou o resgate histórico da
educação do município, baseada nas escolhinhas do interior, e tendo como
principal foco a história das “brizoletas”. O trabalho resultou na
tentativa de preservação desta história, com a restauração da escola,
que apesar de tirada do local original de sua construção, manteve as
características arquitetônicas do prédio, projeto padrão de todas elas.
Hoje, o prédio se encontra em frente a escola, pronto para receber
visitantes.
Ainda assim, prevalece em nossa cultura o pouco conhecimento e
valorização do patrimônio histórico de nosso município, muitas vezes
sendo ignorado e chamando a atenção muitas vezes de pessoas de fora de
nosso município. A identidade de uma sociedade depende essencialmente de
como ela se construiu e nisso reside a importância da valorização do
patrimônio histórico. De acordo com Quadros, “tais escolas não eram
prédios quaisquer; sua presença representou um mundo novo se abriu”.
Pouca gente sabe sobre a história das Brizoletas em nosso município,
sendo denominada muitas vezes “aquela casinha” situada em frente à
Escola Municipal de Barra Funda. Certamente ela não tem nada de
majestosa e nem de exuberante, é um edifício simples e modesto, porém,
carrega em si marcas da história da educação rio-grandense,
representando hoje a memória viva de nosso município, que precisa ser
valorizada como merece: um patrimônio histórico e cultural da cidade.
*Academica 7º nível do curso de História da Universidade de Passo Fundo
**QUADROS, Cleudemir. As Brizoletas cobrindo o Rio Grande do Sul: a educação pública no Rio Grande do Sul durante o governo de Leonel Brizola (1959-1963) Rio Grande do Sul: Editora UFSM, 2002.
Imagem: Jornal de Sarandi - jornalista Dinamara Prynn
Nenhum comentário:
Postar um comentário