Considerado um dos ícones da arquitetura moderna, o edifício projetado
pelo arquiteto Rino Levi na década de 40 para abrigar os antigos Hotel
Excelsior e Cine Ipiranga, no centro de São Paulo, terá os seus espaços
internos tombados pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. A proposta de tombamento
visa preservar a galeria de entrada, o saguão, as salas de espera e de
projeção. Fechado desde 2005, o prédio ainda deverá ser reaberto pela
prefeitura da cidade para abrigar um novo cinema. Confira na íntegra a
reportagem publicada na Folha.com.
Foi publicada nesta quarta-feira (14) uma resolução da Secretaria de
Estado da Cultura tombando o edifício que abrigou o antigo Hotel
Excelsior e o Cine Ipiranga, localizado na avenida Ipiranga, 770 e 786,
no centro de São Paulo. A Prefeitura pretende abrir um cinema de rua no
local.
Segundo o texto do tombamento, o prédio projetado pelo arquiteto
Rino Levi (1901-1965), é um exemplo da arquitetura moderna e resultado
de uma concepção criativa caracterizada por sobrepor, em um terreno
pequeno, "uma grande torre de hotéis e uma monumental sala de cinema,
ambos representativos de programas inovadores e característicos de
meados do século 20 em São Paulo".
Formado na Itália, Levi foi um dos maiores expoentes do modernismo
brasileiro, conhecido por seus desenhos de ângulos retos e austeros. O
Cine Ipiranga foi o quarto cinema que projetou em São Paulo, depois de
ter feito outros gigantes como o Ufa-Palácio, o Universo e o
Piratininga, todos na região central da cidade.
Inspirado no racionalismo italiano, em especial na distribuição em
torno de pátios internos, e nas formas geométricas do arquiteto polonês
Erich Mendelsohn, por sua vez alinhado aos preceitos racionais do
fundador da Bauhaus, Walter Gropius, e do alemão Mies van der Rohe, Levi
criou uma fachada quadriculada para o cinema.
Mas abusou das referências ao art déco do lado de dentro. Os
detalhes nesse estilo do início do século 20 estão nas luminárias e
escadarias do Cine Ipiranga, também famoso por seus balcões e marquises
em curva do lado de dentro.
Em suas construções, o arquiteto também fez alusões ao impacto que
sentiu ao visitar a Casa Modernista, obra de Gregori Warchavchik, na
Vila Mariana, uma das primeiras construções modernas em São Paulo.
Mesmo fascinado pela casa, o arquiteto foi um dos maiores defensores
da verticalização da cidade e seu edifício Columbus, de 1934, é
considerado o primeiro condomínio de apartamentos na capital paulista.
A sala do Cine Ipiranga, aberta em 1941 e fechado em fevereiro de
2005, ainda conserva grande parte de sua concepção original, incluindo
detalhes no corrimão e luminárias. O espaço interno do hotel, por sua
vez, sofreu algumas reformulações ao longos dos anos, com renovação dos
quartos e dos banheiros.
De acordo com o texto de tombamento, contudo, as fachadas externas
"mantêm presença marcante na paisagem, apresentando claramente suas
características fundamentais de arranha-céu vinculado à arquitetura
moderna".
Foi determinado que a configuração do saguão, as escadarias e a sala
de espetáculos do cinema serão preservados. Para assegurar a manutenção
do edifício, podem ser acrescentados a ele alguns elementos de
infra-estrutura desde que aprovados pelo Condephaat (Conselho de Defesa
do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico).
O Condephaat autorizou o tombamento em reunião realizada em 25 de outubro de 2010.
www1.folha.uol.com.br
http://www.arqbacana.com.br/internal/arq!news/read/13946/deu-na-folha%20com-
O edifício projetado pelo arquiteto Rino Levi na década de 40 para
abrigar os antigos Hotel Excelsior e Cine Ipiranga, no centro de São
Paulo, terá os seus espaços internos tombados pelo Condephaat
Foto: Niels Andreas/Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário