Há anos, a região portuária do Rio de Janeiro vem passando por obras de modernização. Até que ponto as melhorias são feitas em benefício dos moradores?
Julia Araújo, Fernanda Costa Távora, Julia Meneses, Renata Fontanetto, Tais Carvalho. Gabriel Collares (coord.)
O projeto Porto Maravilha busca revitalizar a zona portuária do Rio de
Janeiro com obras de intervenções e restaurações urbanísticas, de
mobilidade urbana e incentivos sociais. Para isso, está realizando
grandes obras, como a derrubada do viaduto da Perimetral para a
construção da Via Binária do Porto e da Via Expressa.
As obras de infraestrutura também abarcam a criação de grandes museus,
como o Museu de Arte do Rio de Janeiro, inaugurado em 2013, e o Museu do
Amanhã, ainda em fase de projeto. Segundo o Porto Maravilha, a região
foi escolhida devido à sua localização central e à sua grande relevância
histórica.
A história dos bairros portuários se confunde com o desenvolvimento
social, econômico e cultural da cidade. A região foi sede do antigo
mercado de escravos da cidade, berço dos ranchos e do carnaval popular,
tendo sido ponto de encontro de sambistas como Pixinguinha, Donga e João
da Baiana. Foi lá também que funcionou a Rádio Nacional, a mais
importante emissora da época de ouro do rádio no famoso edifício do
jornal A Noite.
Daniel Van Lima é gerente de desenvolvimento econômico e social da
Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro
(Cdurp). Segundo ele, essa é a maior parceria público-privada da
história do Rio de Janeiro. Todas as grandes obras que estão sendo
feitas estão dentro do cronograma. Além disso, há também um investimento
na recuperação do patrimônio material e imaterial da região. Por meio
dos programas Porto Cultural e Porto Cidadão, o projeto articula uma
interlocução com os moradores locais, no intuito de promover um
desenvolvimento econômico, cultural e social.
Fundadora do Instituto Pretos Novos, Merced Guimarães lembra que há 18
anos ossadas de escravos jovens, que viveram entre os séculos XVIII e
XIX, foram encontradas em seu quintal, durante uma reforma. Uma
descoberta que a motivou a criar, junto com pesquisadores, uma entidade
para levantar a história do mercado de escravos da região portuária.
Para ela, o projeto Porto Maravilha está trazendo benefícios para o
local, pois valorizou a região e fez com que os moradores tivessem
algumas necessidades atendidas.
Obras de restauração do Cais do Valongo / Divulgação
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