Ao trabalhar o respeito a um edifício histórico, arquitetos do Brasil Arquitetura mantiveram estruturas originais e criaram novas - como o palco prolongado de quatro metros para fora da projeção original, permitindo a abertura para uma praça anexa.
Implantado numa das edificações de escala mediana do conjunto do
Engenho Central, lindeira à praça que articula os vários galpões, o
projeto teve o programa modificado desde a concepção preliminar
arquitetônica. Em vez dos cinemas e restaurantes idealizados
inicialmente, surgiu então
o novo teatro do município, localizado estrategicamente no parque que
beira o rio Piracicaba no entorno da região central da cidade, famoso
por sediar festas e eventos populares.
A edificação de tijolos aparentes é dividida em três gomos
longitudinais que correspondem aos caimentos da cobertura, sendo duas
águas centrais - com altura de quatro pés-direitos - e uma em cada
lateral, com alturas de ate dois andares. Ferraz e Fanucci ocuparam o
setor central com foyer, plateia e palco, invertendo a logica da
distinção das fachadas frontal e posterior. A entrada, assim, ocorre
pelo que se considera a parte de trás do galpão, enquanto a face
voltada para a praça funciona como parede do palco. A iniciativa
decorreu da ideia de abrir o espaço cênico para a praça, o que incluiu a
expansão física do palco através da inserção de um módulo retangular
metálico na área pública, pintado na cor vermelha.
Na outra extremidade, o foyer e a bilheteria são delimitados pela
parede de concreto que veda as plateias superior e principal, e ocupam
área qualificada pelo pé-direito elevado e pela farta iluminação
natural. Havia nessa porção do galpão uma estrutura metálica de aparente
atirantamento na fachada de tijolinhos, mas testes estruturais
indicaram a possibilidade de remover esse apêndice, revelando a densa
malha de janelas.
Atualizado passo a passo com a obra, o projeto teve como um de seus
esforços equacionar a curva de visibilidade da plateia principal,
térrea, com as alturas do palco e da praça publica. O ideal era haver o
menor desnível possível entre os dois últimos, o que demandou o
desbaste do piso para a acomodação dos assentos. Também as paredes
longitudinais que dividem as faixas central e laterais da edificação
ganharam aberturas junto plateia, por onde se da a circulação do
público. Nas laterais assimétricas do galpão foram inseridos, de um
lado, restaurante/área técnica e, do outro (o menor), a sala de
ensaios/camarim, localizada no pavimento superior. A exemplo do volume
externo do palco, a escada de acesso a este ambiente é conformada por
volume metálico, pintado de vermelho.
O projeto é engenhoso na distribuição dos esposo e eixos verticais'
de circulação, o que possibilitou a confortável inserção de um programa
denso para a escala do galpão, que soma quase 3 mil metros quadrados
de área construída.
Fontes
Revista AU - Arquitetura e Urbanismo - N° 221 - Agosto 2012
Crédito das fotos: Site do Escritório Brasil Arquitetura
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