Fechado à visitação há cerca de duas décadas por negligência do poder
público em investir na conservação de sua estrutura bicentenária, enfim
o sobrado que abriga o Museu Sacro Monsenhor Vicente Soares começou a
ser reformado. O imóvel, erguido no fim do século 18, é um dos
principais cartões-postais de Pitangui, a Sétima Vila do Ouro e cidade
mãe de pelo menos 40 municípios do Centro-Oeste mineiro, como Pará de
Minas, Nova Serrana, Bom Despacho, Itaúna e Divinópolis. A primeira
etapa da obra – trocas do telhado, do forro e do piso e rebocos das
paredes interna e externa – deve ser concluída no primeiro trimestre de
2013. O aporte, de R$ 246 mil, é bancado pelo erário municipal.
A segunda parte da restauração – construção de banheiros no porão,
que será rebaixado em 70cm, e de um provável elevador – ainda não tem
prazo para sair do papel, pois carece de projeto executivo e da chegada
do prometido financiamento do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) das Cidades Históricas. A restauração total está estimada em R$ 1
milhão. A última grande reforma no casarão, que tem dois andares e 17
cômodos, ocorreu na década de 1960. A torcida dos moradores de Pitangui,
a 130 quilômetros de Belo Horizonte, é para que o museu seja
reinaugurado antes de 2015, quando a cidade completará 300 anos.
A reinauguração do cartão-postal é a senha para que o rico acervo do
museu sacro, que precisou ser transferido para um prédio vizinho ao
Banco do Brasil para que não fosse alvo de quadrilhas especializadas em
bens históricos, retorne ao imóvel colonial, tombado em 1959 pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); e em
2008 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de
Minas Gerais (Iepha). Parte do acervo é formado por mais de 70 peças
sacras, algumas com mais de 200 anos.
Propostas
Há cálices e crucifixos de pratas, armas antigas, objetos dos séculos 19 e 20 e milhares de documentos. Também chamam atenção dezenas de imagens, como as de São Benedito de Santa Efigênia, ambas com cerca de 1,5m e que datam do início do século 18. “Há 22 imagens em processo de tombamento”, conta frei Manoel Ricardo da Rocha Fiúza, do Conselho Municipal do Patrimônio, Cultural e Turismo de Pitangui. Há poucos dias, ele visitou a obra e foi informado por um dos operários que os colegas haviam encontrado, em gretas do assoalho, quatro moedas fundidas em 1803. “Estão grafadas em latim e foram encaminhadas ao Instituto Histórico de Pitangui”, afirma o frei. Ao lado de vários moradores da cidade, ele elabora propostas que serão apresentadas à prefeitura para as comemorações dos três séculos da Sétima Vila. O encarregado de carpintaria João Aguiar de Castro, que trabalha na restauração do sobrado, torce para que o museu seja entregue à população antes do aniversário de 300 anos: “É importante para manter viva a história tanto da cidade quanto do país”. Entusiasmado com a reforma, ele revela que parte da parede de pau a pique de um dos cômodos será coberta apenas com vidro para que o público tenha uma noção dos materiais usados na época da construção do museu, que já abrigou a sede da prefeitura, do arquivo do Judiciário e da casa da Câmara e cadeia.
Há cálices e crucifixos de pratas, armas antigas, objetos dos séculos 19 e 20 e milhares de documentos. Também chamam atenção dezenas de imagens, como as de São Benedito de Santa Efigênia, ambas com cerca de 1,5m e que datam do início do século 18. “Há 22 imagens em processo de tombamento”, conta frei Manoel Ricardo da Rocha Fiúza, do Conselho Municipal do Patrimônio, Cultural e Turismo de Pitangui. Há poucos dias, ele visitou a obra e foi informado por um dos operários que os colegas haviam encontrado, em gretas do assoalho, quatro moedas fundidas em 1803. “Estão grafadas em latim e foram encaminhadas ao Instituto Histórico de Pitangui”, afirma o frei. Ao lado de vários moradores da cidade, ele elabora propostas que serão apresentadas à prefeitura para as comemorações dos três séculos da Sétima Vila. O encarregado de carpintaria João Aguiar de Castro, que trabalha na restauração do sobrado, torce para que o museu seja entregue à população antes do aniversário de 300 anos: “É importante para manter viva a história tanto da cidade quanto do país”. Entusiasmado com a reforma, ele revela que parte da parede de pau a pique de um dos cômodos será coberta apenas com vidro para que o público tenha uma noção dos materiais usados na época da construção do museu, que já abrigou a sede da prefeitura, do arquivo do Judiciário e da casa da Câmara e cadeia.
“Caminhar pelas dependências do casarão é como voltar ao passado, à
medida que observamos as técnicas de construção aplicadas nas paredes de
pau a pique, portais e telhado. Também ao imaginarmos quantas decisões
importantes foram despachadas no sobrado. O museu é essencial para uma
cidade histórica como Pitangui, para manter viva nossas origens, atrair
visitantes e pesquisadores e, consequentemente, aquecer a economia do
município”, avalia o turismólogo Leonardo Morato. Ele e o amigo Vandeir
Santos doaram ao acervo do museu peças e fotografias antigas. “Vandeir
doou um ponteiro de ferro, do século 18, encontrado, num trabalho de
campo, no interior de uma mina de ouro desativada. Eu doei cinco
documentos – cartas, petições, requerimentos – do mesmo século. O
material foi pesquisado no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa. O
Conselho Ultramarino tinha a função de orientar e auxiliar o rei de
Portugal nos pareceres, leis e decisões relacionados às colônias
portuguesas. Os assuntos e solicitações diversas dos cidadãos nas
Capitanias no Brasil eram despachados para a Corte portuguesa, por
intermédio das câmaras municipais”, diz Leonardo.
Religião e questões sociais
Os moradores contam que o sobrado teria sido construído a mando do
major Joaquim Inácio, rico morador de Pitangui no século 18, para servir
como residência do presidente da província mineira. Inácio sonhava que a
Sétima Vila do Ouro pudesse algum dia ser a capital. O Museu Sacro
Monsenhor Vicente Soares de Pitangui conta com um arquivo que revela
curiosidades do passado inaceitáveis nos dias de hoje, como ações
chamadas de penhora das almas. São documentos, datados da primeira
metade do século 18, nos quais devedores asseguravam a própria alma como
garantia em caso de não pagamento do débito. Os papéis mostram como
questões sociais se misturavam com a economia e a religião daquela
época. É preciso lembrar que no século 18 as compras de serviços e
produtos por meio de pagamento a prazo eram comuns, pois havia grande
escassez monetária.
Documentos semelhantes já foram encontrados pela historiadora Cláudia
Coimbra do Espírito Santo em Mariana e Ouro Preto, respectivamente a
primeira e a segunda vilas do ouro no estado. Além de Pitangui, as
demais são: Serro, São João-del Rei, Sabará e Caeté. É possível que
novos documentos sejam incorporados ao acervo do museu. Isso porque os
operários que trabalham na restauração do imóvel encontraram um cofre
fechado no local. Ninguém tem o segredo, mas a expectativa é de que ele
seja aberto nos próximos meses. A torcida é para que seu interior esteja
recheado de papéis que ajudem a contar a história do município. Por Paulo Henrique Lobato
Fonte: http://www.defender.org.br/pitanguimg-erguido-no-seculo-18-sobrado-do-museu-da-setima-vila-do-ouro-e-reformado/
Estrutura bicentenária que abriga o Museu Sacro Monsenhor Vicente Soares começou a ser reformada.
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