Prefeitura diz que não tem verba para executar projeto de restauração. IEPHA alerta sobre fato de que toda obra deve ser acompanhada.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, em Estrela do
Sul, no Alto Paranaíba, está sendo reformada pelos moradores da cidade.
Construída há cerca de 200 anos, a obra em estilo colonial está
abandonada há pelo menos 20. Segundo o prefeito da cidade, Lycurgo
Farani, não existe verba para executar um projeto de restauração, feito
pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em 1996, e orçado em R$400
mil. “Hoje Estrela do Sul tem uma arrecadação de R$850 mil a R$900 mil
por mês e essa restauração tem um valor significativo, que infelizmente a
Prefeitura não tem condições de assumir”, justificou. Contudo, ao G1,
o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas
Gerais (IEPHA) alertou para o fato que toda obra precisa ser acompanhada
por especialistas.
Diante da impossibilidade da restauração, o padre Devanir Machado e a
moradora Rosa Maria Ferreira começaram uma campanha para arrecadar
dinheiro para uma reforma. Com R$100 mil eles já reforçaram a estrutura
com ferro, reconstruíram o altar, o telhado e parte das paredes. “Nós
fizemos um trabalho emergencial, de forma que essa igreja ficasse em pé e
esse patrimônio preservado”, disse o padre.
Ainda segundo o padre, o acompanhamento de um profissional da área de
restauração realmente não foi possível por questões financeiras.
“Estamos fazendo da maneira que damos conta, mas precisamos de mais
profissionais e mais dinheiro para tornar essa igreja um lugar melhor do
que está”, acrescentou.
Durante o tempo em que ficou abandonada, a igreja virou ponto de uso
de drogas. Os bancos já não são os originais porque foram roubados, nem o
assoalho, que foi queimado por invasores que fizeram buracos para
tentar achar diamantes que eles pensaram que os escravos pudessem ter
escondido.
Nem o promotor de Justiça conseguiu ajudar. De acordo com André Melo,
o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas
Gerais (IEPHA) não reconhece que Estrela do Sul é uma cidade de
relevância histórica e que o ICMS recolhido não vai para os projetos de
restauração de imóveis na cidade. “Hoje nós temos mais de 100 imóveis
tombados em nível municipal”, disse o promotor.
Os moradores gostariam de ver a igreja funcionando novamente.“A gente
sente mal porque é uma coisa da época dos escravos e a gente vê ela
abandonada. Sentimos tristeza por isso”, lamentou o morador Nivaldo
Batista.
A assessoria de imprensa do IEPHA informou ao G1, por
telefone, que não tem nenhum imóvel tombado em Estrela do Sul, mas que
isso não impede que a Prefeitura tombe bens que acredite que sejam
importantes para a história da cidade.
Ainda segundo a assessoria, a restauração de um bem tombado deve ser
feita acompanhada de especialistas, engenheiros e arquitetos, por
exemplo, e que se a intervenção for feita sem a supervisão desses
profissionais o bem acaba sendo descaracterizado e a história se perde. O
IEPHA recomendou, ainda, que os projetos de restauração sejam
encaminhados para as Leis de Incentivo à Cultura para que empresas
possam bancar as restaurações.
Fonte: http://www.defender.org.br/mg-moradores-de-estrela-do-sul-fazem-reforma-de-igreja-tombada/
Igreja em Estrela do Sul é reformada por moradores (Foto: Reprodução/TV Integração)
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