sábado, 14 de julho de 2012

Projeto Fortalezas Multimídia digitaliza todo o acervo documental sobre as primeiras fortificações catarinenses

A Fortaleza Santa Cruz de Anhatomirim não ofereceu grande resistência quando a Ilha de Santa Catarina foi tomada pelos espanhóis, em 1777. Isso, apesar de sua importância estratégica inquestionável: ela era o vértice principal do triângulo defensivo da Barra Norte, formado também pelos fortes São José da Ponta Grossa e Santo Antônio de Ratones. O conjunto arquitetônico projetado pelo engenheiro militar José da Silva Paes a partir de 1739, que consolidou a ocupação do sul do Brasil, permanece de pé. Sua restauração ganhou fôlego na década de 1980, quando a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) assumiu a manutenção, e hoje faz parte de um ambicioso projeto de documentação e valorização do patrimônio. Trata-se do Acervo Documental de Santa Catarina no Banco de Dados Mundial sobre Fortificações.
Anhatomirim foi a primeira a ser adotada pela universidade, em 1979. Os oito canhões de ferro fundido ainda presentes são o que restou da artilharia de 70 peças de calibres variados. Concluída a restauração física do triângulo da Barra Norte, foi necessário intensificar a revitalização desses monumentos com a criação de um portal para agregar toda a documentação histórica encontrada. “As informações eram tantas que a gente teve necessidade de aprofundar os estudos. E foi assim que surgiu o Projeto Fortalezas Multimídia, como forma de organizar e compartilhar essas informações”, explica Roberto Tonera, coordenador do projeto e arquiteto da UFSC.
A mais nova ambição do Fortalezas Multimídia é uma pesquisa realizada em dez instituições catarinenses que possuem imagens e textos sobre as fortificações existentes no estado, entre elas o Arquivo Público de Santa Catarina, a Biblioteca Universitária da UFSC e a 14ª Brigada de Infantaria Motorizada/Exército. A intenção é digitalizar todo o material até outubro e democratizá-lo através do Banco de Dados Mundial sobre Fortificações, que é uma espécie de Wikipédia das fortificações, idealizado por Tonera, em 2008.
O fortalezas.org foi pensado para que pesquisadores, instituições e curiosos o alimentem com informações – além de fotos, vídeos, documentos e bibliografias – sobre fortes do Brasil e do mundo, existentes ou já desaparecidos, de forma colaborativa e espontânea. Para Tonera, a iniciativa é pioneira. “Nosso banco de dados tem algo em torno de 20 parâmetros diferentes de pesquisa, dados que podem ser cruzados a fim de realizar estudos comparativos. Nem o Iphan tem uma plataforma de dados como esta”, afirma.
Para o historiador Jaime Silva, que integra a equipe do Fortalezas Multimídia, o ideal é que, naturalmente, instituições detentoras de documentações históricas passem a se cadastrar na plataforma, compartilhando suas informações: “É preciso que se efetue também a busca e a difusão dos documentos históricos sobre as fortificações, guardados e isolados em diferentes arquivos”.
Por Gabriela Nogueira Cunha

Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/derrube-me-se-for-capaz




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