Um bem natural tombado como patrimônio da União, mas que poucas
pessoas conhecem. Assim é o Parque Floresta Fóssil, localizado às
margens do rio Poti, na Avenida Raul Lopes, zona Leste de Teresina.
Apesar da importância por concentrar troncos de árvores petrificadas
que, segundo especialistas, têm mais de 200 mil anos, o lugar não é
reconhecido pela população e está à mercê de bandidos e vândalos.
Há alguns anos a Floresta Fóssil, que antes era totalmente aberta,
chegou a ser cercada, no entanto, pouco tempo depois as grades já vieram
a baixo. A ausência de policiamento também tem provocado a degradação
do lugar. Um dos fósseis chegou a ser pichado e algumas das árvores
foram também riscadas.
Apesar do acesso principal ser próximo ao posto da Secretaria
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR), uma abertura
causada pela queda das colunas de sustentação da grade trouxe ao lugar
um problema comum a terrenos baldios: a concentração de muito lixo,
desde galhos secos a garrafas pet e sacolas plásticas.
A Floresta Fóssil é um bem tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e por pertencer à União possui
algumas dificuldades quanto à questão de investimentos em
infraestrutura. Ao longo dos seus 13 hectares que vai da Ponte Juscelino
Kubitschek ao Parque das Mangueiras, nas proximidades da Fazendinha,
poucas intervenções foram feitas para melhorar a paisagem.
Claudinei Alves, da Secretaria de Meio Ambiente do Município (SEMAM),
afirma que o parque Floresta Fóssil e o Parque Ilhotas, que fica na
outra margem do rio Poti e que também faz parte da área de preservação,
não sofreram nenhuma ação de melhoria da estrutura nos últimos cinco
anos.
O que foi feito recentemente, há cerca de dois anos, foi a construção
da cerca. “Já fizemos alguns trabalhos inclusive de arborização,
plantamos mudas e todo mês existe uma equipe da SDU Leste que faz a
limpeza interna do parque, como capina, poda e serviços realizados de
forma regular, mas falta a reestruturação para tornar o espaço
atrativo”, explica.
De acordo com o biólogo da SEMAM, Antônio Carlos Barbosa, a área é
bastante delicada para se fazer alterações sobretudo a parte física.
“Para se mexer na área é preciso primeiro fazer uma análise total da
área, definindo o que é patrimônio do Estado, patrimônio nacional e o
que compete ao município. Depois disso é que devemos fazer outra análise
pelo fator de legislação e por fim, fazer um estudo de como
desenvolver”, explica.
Segundo o biólogo, um documento comprova que a área é de poder
federal decretada em portaria pelo Senado, instâncias que devem ser
acionadas caso precise fazer alterações no lugar. Enquanto não há
projetos, o Parque Floresta Fóssil fica ali, aberto ao público, mas sem
dar condições suficientes para a população de fazê-lo mais um ponto
turístico para a cidade.
Mais que árvores fossilizadas
A importância do Parque Floresta Fóssil vai muito além dos troncos de
árvores fossilizadas. O caráter histórico do lugar e a importância
ambiental, como centro de estudos e de lazer, são também fatores que
podem ser considerados relevantes.
O local está bem sinalizado. Logo na entrada, uma grande placa indica
o que se encontra lá dentro. A trilha que leva à parte mais importante
do Parque é toda marcada por pedras que também seguem destino a vários
outros caminhos.
Em menos de cinco minutos de caminhada é possível encontrar seis
fósseis de espécies de árvores. Ao todo são sete, seis deles foram
concentrados em um lugar da floresta, em meio a cactos e outras espécies
de plantas que arborizam o local. O último deles, por sua vez, ainda
está fincadono chão, já próximo ao rio Poti.
Um passeio de cerca de 15 minutos também é capaz de levar a um ponto
do rio bastante interessante. Conhecido como Cachoeira do CFAP, por se
localizar próximo ao Centro de treinamento da Polícia Militar, uma
grande quantidade de pedras mostra um cenário tranquilo, onde o barulho
das águas e o som dos pássaros contribuem para uma ótima paisagem.
Raimundo Fernandes é um grande conhecedor dos rios e foi quem guiou o
percurso. Segundo, até os anos 1960, não havia a correnteza. “Com o
tempo, foi ficando dessa forma, uma bela paisagem, mas o que a gente vê é
muita degradação. Não só aqui, mas em toda a extensão dos rios”,
afirma.
Na floresta também é possível encontrar uma grande variedade de
plantas nativas e introduzidas, que deixam o lugar mais bonito. O verde
das copas das árvores também atrai pássaros de todos os tipos e animais,
como o sagui e iguanas.
Um bem patrimonial que merece ser reconhecido
A Floresta Fóssil poderia ser um importante ponto turístico da
capital se não fosse o pouco investimento. O local nem sequer dispõe de
guias, embora seja preservado e receba algumas visitas de estudantes e
alguns turistas de fora.
São estes, aliás, o maior público do lugar.
Para Silmara Araújo, o problema está na divuldação. “Eu passo muitas
vezes por aqui, mas não sabia da existência desse lugar. Apesar da
placa, nunca tive a curiosidade de saber o que tem lá”, conta.
Thalyta Mota e Pedro Correia nunca tinham visitado a Floresta Fóssil.
Pela primeira vez, eles entraram à convite da reportagem do Jornal Meio
Norte para conhecer. A princípio, ambos afirmaram nunca terem ouvido
falar, embora morem há bastante tempo na capital do Piauí e já tenham
passado por várias vezes em frente ao parque.
Thalyta descreve a primeira experiência como ‘interessante’ e
reconhece que merece uma atenção maior da própria sociedade. “É legal,
pois temos tantas coisas interessantes na capital e não conhecemos. É
preciso dar valor, mas a população não está acostumada a termos parques
como esses”, explica.
Pedro, que tinha ouvido falar da Floresta Fóssil apenas nas aulas de
Biologia, saiu do lugar com uma experiência a mais, mas reforçando a
necessidade de uma estrutura melhor para atrair mais curiosos. “Para
receber as pessoas também, para informar da história do lugar e dos
fósseis”, sugere Pedro.
Embora as belezas naturais estejam preservadas através do tombamento e
sejam interessantes para visitação, a ausência de uma estrutura é, de
fato, um grande problema. No local, não há bancos para descanso. À
noite, fica totalmente às escuras e sem segurança, dificultando ainda
mais a visitação.
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