Revitalização de sobrado dos anos 20 em Porto Alegre

Reportagem da Revista Arquitetura & Construção, edição de Julho de 2012

Toda vez que passava pela moradia abandonada quase inteiramente consumida por um incêndio, o arquiteto Cristian Illanes se entristecia de ver naquela situação uma casa tão rica em traços e história. “Ela é um exemplar da arquitetura eclética porto-alegrense do início do século 20”, diz o arquiteto, que vê o reuso de edificações como aliado da sustentabilidade.

Por isso, ele não titubeou quando o engenheiro civil Paulo Laydner contou que pretendia convertê-la num condomínio. “Vendi meu apartamento para ajudar a financiar a obra”, lembra Cristian.  Além do investimento, ele se envolveu profissionalmente na empreitada: com o sócio, Gustavo Jaquet, participou do projeto executivo (o arquitetônico ficou a cargo da Ediolanda Liedke), regido pelas normas da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (Epahc), órgão municipal de Porto Alegre – exigidas porque a casa é listada como de interesse para preservação.

Quando a reforma ficou pronta, em 2008, Cristian ocupou a unidade 101, e seu pai, a 102. Dois anos depois, a namorada, a advogada Letícia Lugin, alugou o 106. “Os vizinhos formam um grupo de amigos. Fazemos até festas coletivas”, conta ele. Por motivos como esse, os estúdios são cobiçados. “Sempre passa alguém perguntando sobre casas disponíveis. Acho que uma das razões pra isso está no fato de o projeto respeitar também a história do bairro”, analisa Cristian, que desde o ano passado divide o teto com Letícia. No caso, o teto de dois dos estúdios, já que o pai dele se mudou e o casal transformou os sobrados 101 e 102 num só, à espera de um bebê que deve aportar no condomínio Travessa da Harmonia – homenagem ao antigo nome da rua onde ele se localiza.

Crédito das Imagens:  Revista Arquitetura & Construção