Coleção Carlos Gomes, do
Museu Imperial, ganha título da Unesco. Acervo, que está completo na internet,
conta com fotografias, gravuras, documentos e uma partitura do maestro e
compositor.
Maestro na época do Império, o paulista Antônio Carlos Gomes (1836-1896) estudou música na Europa, financiado por D. Pedro II.
Grato ao monarca, o mais importante compositor de ópera das Américas
retribuiu o mecenato com lealdade: quando a família real seguiu para o
exílio, Nhô Tonico, como era conhecido no início da carreira, rejeitou
compor o hino da República, postura que lhe fechou várias portas. Carlos
Gomes morreu no Pará, em dificuldades financeiras. Não é à toa,
portanto, que seu acervo tenha sido doado pela filha ao Museu Imperial,
anos após sua morte, já na década de 1940. Recentemente, a Coleção
Carlos Gomes pertencente à instituição recebeu o Registro Nacional do
Programa Memória do Mundo da Unesco, por sua importância para cultura
brasileira.
“Os documentos constituem-se em boas fontes para o resgate da figura do
maestro e registram não apenas aspectos que dizem respeito à história
da música brasileira e mundial, mas às mudanças da segunda metade do
século XIX e a passagem para o século XX”, destaca a arquivista Thais
Martins, pesquisadora do museu. Segundo ela, o título da Unesco garante
mais visibilidade à coleçãoe facilita a implementação de políticas de
preservação e acesso à documentação, que, por sinal, já está
digitalizada e disponível ao público na internet.
“O maestro passou à história como um intelectual e apreciador das
artes, sendo considerado o maior compositor operístico das Américas no
século XIX”.
A coleção é formada por 285 itens, incluindo fotografias, gravuras,
desenhos, livros, e uma partitura – as outras (em sua maioria) estão sob
guarda da Divisão de Música
da Biblioteca Nacional. Entre as raridades da coleção, destaca-se um
álbum de recordações que possui mensagens de grandes nomes da época,
como um desenho de Pedro Américo, um desenho e uma poesia de Victor
Meirelles e uma dedicatória de Manuel Araujo Porto Alegre. Algumas
pinturas que retrataram cenas da época da ópera Il Guarany, em aquarelas de Carlo Ferrario, cenógrafo do Teatro alla Scala de
Milão, Itália. Objetos pessoais do maestro, como seu piano, também
compõe a coleção, mas não entraram na lista da Unesco, já que o prêmio
só é concedido a conjunto de documentos.
O que é o Memória do Mundo?
Criado pela Unesco em 1992, o Programa Memória do Mundo tem o intuito
de despertar a consciência coletiva sobre a importância da preservação
da documentação histórica. Durante o período, especialistas do mundo
inteiro começaram a discutir o lamentável estado de conservação do
patrimônio documental e do deficiente acesso a ele. Tornar coleções
conhecidas ajuda a preservá-las.
O programa, assim, é composto por três registros – nacional, regional e
internacional –, concedidos de acordo com a abrangência da importância
da documentação. Todos os registros são equivalentes, para documentos,
ao título de Patrimônio da Humanidade, que é concedido pela Unesco a
patrimônios arquitetônicos.
O Museu Imperial tem outro Registro Nacional, recebido em 2010 ao
conjunto que reúne documentos sobre as viagens de d. Pedro II, como
diários, correspondências e notícias de jornais.
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