Pesquisando na Internet sobre predios tombados, encontrei esta matéria do site PINIweb, de fevereiro deste ano, a qual reproduzo abaixo:
No número nove da movimentada rua Iguatemi,
Itaim Bibi, zona Oeste da capital paulista, dois edifícios de diferentes
épocas convivem pacificamente na área de 19 mil m² que restou do antigo
Sítio Itahim. Um resplandecente edifício contemporâneo com vistosas
fachadas de vidro espelhado contrasta, mas não agride a singela
construção do século 18, com sua estrutura de taipa de pilão pintada de
branco. "Na casa, o visitante esquece a vida agitada da cidade ao seu
redor. É a rotina rural do período colonial ao lado da agilidade plena e
total do terceiro milênio. Em um só espaço, as duas construções
convivem pacificamente, cada qual em seu tempo, com uma diferença de
quase três séculos", comenta Helena Saia, arquiteta e historiadora
responsável pelo projeto de restauração da Casa Bandeirista do Itaim.
Um dos seis exemplares remanescentes do Ciclo
Bandeirista na capital (os outros estão em Santana (duas), Tatuapé,
Butantã e Caxinguí), a sede do Sítio Itahim foi tombada pelo Condephaat -
Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e
Turístico em 1982, e já estava em ruínas quando os trabalhos de
recuperação foram iniciados em 2007. Suas características são as mesmas
das casas de fazenda que ocupavam o planalto paulista na época: planta
simples com distribuição simétrica, construção em taipa de pilão, com
alpendre central separando o quarto de hóspedes da capela (com um
autêntico e raro altar de madeira do século 18); salão central e quatro
ambientes laterais, dois de cada lado, com seus respectivos jiraus.
Cozinha e despensa foram acrescentadas no século 19.
No início do século passado o imóvel passou a ser ocupado por uma
clínica psiquiátrica, até que em 1970 foi adquirido pelo investidor Naji
Nahas, que utilizou o local como estacionamento enquanto definia o tipo
de empreendimento a ser feito.
Abandonada e destelhada, sob ação das chuvas, suas grossas paredes de
taipa de pilão começaram a entrar em colapso. O Condephaat - Conselho
de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
do Estado, a pedido dos moradores do bairro, iniciou o estudo do
tombamento do sítio, o que ocorreu em 1982. A resolução do tombamento
determinou que a preservação da casa e de 300 m do seu entorno seria da
responsabilidade do proprietário, e que a incorporação do novo
empreendimento, o recém-construído Brookfield Malzoni, deveria seguir a
mesma proposta adotada para a Casa das Rosas, na avenida Paulista, com a
construção contemporânea compartilhando o terreno com o antigo imóvel.
Em 1997, o arquiteto Júlio Neves, autor do primeiro projeto do novo
empreendimento, convidou a arquiteta Helena Saia para o trabalho de
restauro/reconstrução da casa bandeirista do Itaim. "Foram 14 anos entre
pesquisas, estudos, projeto e execução, período em que enfrentamos não
só grandes problemas técnicos, mas também jurídicos, com o embargo da
obra durante quase dois anos, pelo Ministério Público Federal, sob
alegação de que se estava "destruindo um sítio arqueológico".
Em meados de 2007, foi iniciada a remoção da
vegetação que crescera entre as ruínas, cujas raízes desagregavam os
maciços das paredes de taipa. "Depois da retirada do entulho acumulado
ao longo dos anos, a estrutura remanescente foi suficiente para informar
muita coisa sobre a casa e nortear a restauração", conta o arquiteto
Alberto Arruda, especialista em restauro, contratado para a obra. Uma
gigantesca cobertura de telhas metálicas foi instalada sobre a estrutura
para protegê-la das chuvas e da queda de peças e objetos durante a
construção do edifício próximo.
uando as obras foram embargadas, no início de
2009, o restauro já estava adiantado. Tinham sido concluídos os
trabalhos de recomposição ou complementação estrutural da taipa de pilão
com trechos de solo-cimento apiloado (obedecendo ao sistema de
entaipamento) e reforços de concreto celular e concreto armado em alguns
pontos, e colocados os requadros e esquadrias de portas e janelas. Com
as paredes respaldadas, foi iniciada a execução dos frechais de concreto
e identificadas as arestas da cobertura que permitiram a definição do
grau de caimento das águas. O momento da paralisação, em que estava
sendo feita a estabilização das cortinas de contenção necessárias para a
escavação dos subsolos do edifício vizinho, foi crucial para a obra.
Com os serviços parados e a obra exposta às intempéries, houve a
deformação das placas de concreto e a consequente movimentação do solo
onde a casa tombada está implantada. Profundamente atingidas pelo
recalque do terreno, as paredes restauradas do imóvel sofreram fraturas
verticais e horizontais, e o solo, rachaduras que atingiram
profundidades superiores a 12 m. De acordo com o arquiteto José Saia
Neto, que acompanhou toda a execução do trabalho, a restauração do
terreno é inédita na história do restauro paulista. Grandes trincas
separavam blocos de solo que ficaram instáveis e, com o chão encharcado
pela chuva, funcionavam como canais subterrâneos que poderiam causar o
colapso da área. A empresa Falcão Bauer foi então chamada pelos
incorporadores, a pedido de Helena Saia, para monitorar as estruturas. Na retomada das obras, em 2010, a primeira providência foi solucionar o problema das trincas. O arquiteto Alberto Arruda explica que, nesse processo, foi utilizada uma argamassa seca de areia e cimento: a mistura descia até o final da trinca, preenchendo todos os espaços, e só então era colocada a água, que fazia a mistura reagir e endurecer. Na fase posterior, foi feita a desmontagem das paredes rachadas, realinhados os batentes danificados pelo rebaixamento do solo, refeitos os frechais em concreto (na mistura da massa, ao invés de brita, foi usada argila expandida, por ser mais leve), executados reforços de concreto junto ao alicerce, tanto das paredes internas quanto das externas, e finalmente colocado o telhado. As telhas obedeceram ao modelo e dimensão das originais da casa. Na massa de revestimento de pisos e paredes foi usado polipropileno, de uso comum em construções na Europa para evitar trincas em fachadas de concreto sob efeito de bruscas alterações de temperatura.
Fonte: http://www.piniweb.com.br/construcao/arquitetura/casa-bandeirista-e-restaurada-em-sao-paulo-249932-1.asp
Tombada em 1982 pelo Condephaat , a sede do sítio Itahim estava em ruínas quando os trabalhos de recuperação foram iniciados em 2007
Vista da fachada. Construída em taipa de pilão, as características simples da casa são as mesmas que ocupavam o planalto paulista no século 18
Para não interferir na vista da casa tombada pelo patrimônio, o edifício Brookfield Malzoni foi construído com vão de 44 m
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