quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Bel Falleiros - Sobre ruínas, memórias e monumentos - São Paulo

Com curadoria de Paulo Miyada. exposição acontece na Caixa Cultural São Paulo
Contemplada pelo Programa de Ocupação dos Espaços da CAIXA Cultural, a artista plástica paulistana Bel Falleiros (São Paulo, 1983) apresenta “Sobre ruínas, memórias e monumentos”, sua primeira individual, já em um dos grandes espaços expositivos da cidade, a CAIXA Cultural São Paulo. Com curadoria de Paulo Miyada e texto crítico de Jacopo Crivelli Visconti, a exposição traz cerca de 20 colagens, 04 grandes pinturas, além de instalações, fotografias e objetos coletados durante a fase de concepção do projeto.
Arquiteta de formação, Bel Falleiros tem a relação com a cidade como um dos temas centrais em seu trabalho. E não apenas São Paulo, mas também Berlim e Nova Iorque, metrópoles onde morou recentemente, e a pequena Ituverava, cidade natal de seu pai no interior paulista, que faz parte de suas memórias afetivas. Ao ser selecionada pelo edital, a artista se propôs a realizar quatro percursos em direção às fronteiras da capital paulista, sempre partindo do antigo marco zero da Sé, e tendo os pontos cardeais como referencial de direção.
Para Crivelli Visconti, ao realizar tal ação, a artista retoma o processo criativo iniciado pelo movimento Dadaísta, em Paris, no início do século passado. Em suas palavras: “Ao colocar como metas utópicas das suas andanças os lugares, correspondentes aos quatro pontos cardeais, onde a cidade de São Paulo teoricamente acaba, ela situou-se, ao mesmo tempo, na periferia da metrópole e no cerne da linhagem das derivas artísticas... Sua viagem aos confins da cidade aconteceu paralelamente no âmbito físico e no imaginário, considerando que os elementos da realidade ao redor dela eram constantemente comparados com lembranças de Ituverava, onde nasceu seu pai e onde por primeira vez ela vivenciou a sensação de chegar até a extremidade de uma cidade. O deslocamento que qualquer deriva pressupõe, consequentemente, era duplicado aqui pelo fato da viagem acontecer simultaneamente na imaginação e na realidade”, conclui o crítico.
Para cada uma das quatro longas caminhas, a artista realizou uma pintura de grande proporção. As quatro obras são apresentadas em uma única sala. Segundo Paulo Miyada, “O surpreendente é que nelas não há espaço para o acúmulo de papéis, texturas e gestos, como outrora nas produções resultantes de leituras urbanas. Há um imenso vazio quase informe, um terreno indistinto e estranhamente desprovido de profundidade. Aqui e ali, dois ou três elementos povoam as paisagens... Estão presentes o primeiro Marco da Independência no Ipiranga, o Farol do Jaguaré, a Ponte Grande e a Serra da Cantareira. Mas eles ocupam um vazio atemporal e sem muitas referências, descolado do skyline paulistano. Mais ainda, convivem com alguns símbolos importados de outra paisagem mnemônica da artista, a cidade de Ituverava, no interior do Estado”.
Crivelli Visconti esclarece que “Para além da força inegável dos painéis, é interessante notar que um projeto que foi concebido como uma deriva urbana, e de cunho efetivamente urbanístico, considerando o objetivo (vagamente utópico) de encontrar os limites de uma metrópole, transformou-se numa excursão no campo, rica de reminiscências pessoais”, enquanto Miyada conclui que “para nós, resta a tarefa de encontrar possíveis conexões entre monumentos e ruínas, enquanto nos perdemos no espaço sem tempo da claridade dos desenhos”.

Sobre a artista
Bel Falleiros (São Paulo, 1983), vive e trabalha na capital paulista. Bacharel em Arquitetura pela FAU-USP, a artista é uma das fundadoras do .Aurora, misto de atelier e espaço expositivo localizado no centro da cidade. Foi assistente dos artistas Héctor Zamora e Andrés Sandoval e desde 2012 participa ativamente do Atelier Fidalga. Já realizou uma série de colaborações como ilustradora para o caderno Ilustríssima, da Folha de São Paulo, além de ilustrar livros para diferentes editoras. Já participou das seguintes exposições coletivas: .Aurora, no espaço .Aurora, São Paulo (2013); Azimute, sala de projetos Fidalga, São Paulo (2013); Charivari, no SESC São Carlos (2012); Santa Cecília, Santa Insone, na Associação Cultura Cecília, São Paulo (2012); Laço, no subsolo do Paço das Artes, São Paulo (2012); 3 artistas, na Interaction Gallery, Berlim (2011); Portfólio | Charivari, no SESC Santos (2011) e Collective Exhibition, no Bushwick Project for the Arts, Nova Iorque (2010). Sobre ruínas, memórias e monumentos é sua primeira individual.

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