quinta-feira, 4 de abril de 2013

Primeiro arranha-céu brasileiro é tombado pelo IPHAN

O Edifício A Noite, com 102 metros de estrutura em concreto armado, marcou a vida cultural, a arquitetura e a engenharia no Brasil
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, reunido na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em Brasília, aprovou nesta quarta-feira, dia 3 de abril, o tombamento do Edifício A Noite, localizado na Praça Mauá, no Centro da cidade do Rio de Janeiro, inaugurado em 7 de setembdo de 1929. Segundo parecer do Departamento de Patrimônio Material (DEPAM/IPHAN), o prédio é emblemático tanto pelo aspecto estrutural e arquitetônico, quanto por seu significado cultural.
Os 22 pavimentos do primeiro arranha-céu brasileiro reunia multinacionais, como a Pan Am e Philips, agências de notícias e os consulados dos Estados Unidos e Panamá. O edifício de concreto armado abrigava também os estúdios e o auditório da Rádio Nacional, que no início do século XX era o centro da vida cultural. Pelos corredores do Edifício A Noite circulavam artistas como Cauby Peixoto, Emilinha, Marlene, Dalva de Oliveira e Francisco Alves.

O nascimento de um ícone da história do BrasilDominando a Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro, o Edifício A Noite lembra os anos de glória da região, quando artistas, empresário e políticos eram atraídos pela vida em torno de multinacionais, agências de notícias, consulados e principalmente da Rádio Nacional. Em 1928, o antigo Liceu Literário Português deu espaço a um edifício com 22 pavimentos e estrutura em concreto armado, edificado para abrigar o Jornal A Noite, um projeto do francês Joseph Gire, autor do hotel Copacabana Palace e do Palácio Laranjeiras, e do arquiteto brasileiro Elisiário Bahiana, tendo Emilio Baumgart como calculista estrutural. Em seus andares estabeleceram-se sedes de empresas multinacionais, das agências de notícias La Prensa e United Press Association, além dos famosos estúdios da antiga Rádio Nacional, reconhecida nacionalmente pela produção de novelas e divulgação de artistas nacionais, eternamente associados à época em que o edifício era foco de uma vida alegre e boêmia.
A Rádio Nacional foi inaugurada num sábado, em 12 de setembro de 1936. Inúmeros programas marcaram o cotidiano brasileiro, revelando novos astros. Em 1940, decreto do presidente Getúlio Vargas encampou os bens e o Estado assumiu o controle do grupo A Noite. A partir daí, a Rádio Nacional provocou um dos mais importantes fenômenos culturais do Brasil, desenvolvendo seu enorme potencial educativo e unificador do país. A direção da rádio foi entregue ao promotor Gilberto de Andrade, que em 1941 estreou o Repórter Esso, o Rádio Teatro Colgate com a primeira radionovela: Em Busca da Felicidade. O espaço físico foi remodelado. O 21º andar recebeu um grande auditório com 486 lugares e a Rádio Nacional passou a ocupar quatro pavimentos do edifício.

Uma nova concepção de cidade
O Edifício A Noite também é marco arquitetônico e urbanístico no país. A partir de sua construção, teve início um processo de verticalização da cidade. No início do século XX, na Avenida Central, atual Rio Branco, os edifícios chegavam a até oito pavimentos. Na Praça Mauá, no extremo oposto da Rio Branco, estava a sede do Jornal A Noite, um prédio com 22 andares e 102 metros de altura. Tanto as fachadas como as áreas internas revelam influências do estilo art decó. Em seu terraço havia restaurantes e um mirante que oferecia uma vista privilegiada da cidade e da Baía da Guanabara.

Desta forma, falar da verticalização das construções no Brasil é falar também da introdução e da rápida difusão do uso do concreto armado na realização de estruturas arquitetônicas. A construção do Edifício A Noite influenciou o Código de Obras na cidade, pois com sua conclusão, passaram a ser considerados critérios relacionados com a segurança e a viabilidade dos prédios altos. 

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho que avalia os processos de tombamento e registro é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do IPHAN.


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Fonte: DPAM - ASCOM/IPHAN 
 
 
 
 
 

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