domingo, 7 de abril de 2013

Movimento de salvaguarda do Parque do Flamengo

Repúdio ao empreendimento do Eike Batista na Marina da Glória

Rio de Janeiro

Petição pública será encaminhada ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan
Com 65,5 mil metros quadrados, a Marina da Glória integra o Aterro do Flamengo, projeto paisagístico de Burle Marx e Affonso Eduardo Reidy tombado desde 1965 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O cenário ajudou o Rio a conquistar o título de Patrimônio Mundial como paisagem cultural urbana da Unesco.
Até 1995, a Marina da Glória era administrada pela Riotur. O espaço foi licitado um ano depois: venceu a Empresa Brasileira de Terraplanagem e Engenharia S/A (EBTE). O prazo da concessão era de dez anos, contados a partir de 1º de novembro de 1996. O contrato diz que caberia à empresa “acolher as embarcações de esporte e lazer, bem como a prestação dos serviços aos usuários e à comunidade em geral, sustentada com atividades comerciais”.
Antes do Pan 2007, pareceres do Iphan suspenderam um projeto da EBTE que pretendia construir uma garagem para barcos. No mesmo ano, a prefeitura ampliou para 30 anos o prazo de concessão, passando para 2036.
No entanto, em dezembro de 2009, a EBTE repassou, através de um termo de aditivo de contrato, o direito de administrar a Marina da Glória ao grupo EBX (ou empresa MGRio), de Eike Batista. Exatamente dois anos depois, o empresário decidiu construir uma garagem subterrânea para 1.500 veículos num empreendimento com estimados 44,9 mil metros quadrados de área construída e altura que poderia chegar a 15 metros.
A proposta original elaborada pelo escritório do arquiteto Luiz Eduardo Índio da Costa foi aprovada em 2011 pela superintendência do Iphan no Rio, em meio a críticas de urbanistas que julgavam que o plano descaracterizaria o Aterro do Flamengo, podendo inclusive interferir na observação do Morro Cara de Cão. Na época, também houve questionamentos sobre a liberação do projeto sem autorização do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, que tem a responsabilidade de examinar, apreciar e decidir sobre questões relacionadas a proteção do patrimônio cultural brasileiro. Em meio à polêmica, Eike acabou suspendendo o empreendimento. Contudo, em julho do ano seguinte a EBX reapresentou o projeto, quando foi rejeitado pelo Iphan, que criticou cinco pontos. Após mudanças, o anteprojeto foi novamente enviado ao Iphan.
Sem qualquer divulgação ou audiência pública prévia, a Comissão de Análise de Recursos do Iphan aprovou, no dia 29 de janeiro de 2013, o novo anteprojeto do empresário Eike Batista de construir lojas, um centro de convenções e um prédio de 15 metros de altura numa área de 20 mil metros quadrados na Marina da Glória – cinco vezes maior do que a prevista no plano original do Aterro do Flamengo, datado de 1965.
Os órgãos comunitários que representam os moradores da região já se manifestaram contrários a qualquer iniciativa que amplie a área edificada da Marina da Glória ou desvirtue o seu caráter democrático. O Aterro do Flamengo é uma área pública com equipamentos culturais de acesso popular. Não faz parte do tecido edificável da cidade. Não é lugar para centro de convenções e shopping.
Sabemos que a decisão final de liberar ou não o empreendimento é do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan, que irá analisar o projeto executivo da EBX. Diante disso, os cidadãos abaixo assinados manifestam, por meio deste, repúdio ao projeto da EBX que irá descaracterizar a alma popular e o desenho paisagístico do Aterro do Flamengo.

link para petiçãowww.avaaz.org

Fonte: http://www.vitruvius.com.br/jornal/news/read/1578 




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