terça-feira, 23 de abril de 2013

Arquiteto pede que Iphan declare céu de Brasília patrimônio natural

Quando cheguei a Brasília, comecei a ficar aflito pela falta de referências de cidade com as quais todo mundo está acostumado. Não tem esquina, não tem pracinha, não tem igreja no fim da rua. Então, em um belo dia em que eu estava entediado, olhei para cima e descobri que Brasília é mais olhando para cima do que para o lado", recorda. "Esse céu é uma bênção, uma coisa maravilhosa."
O objetivo do pedido, segundo ele, era garantir a integridade do horizonte brasiliense, evitando, por exemplo, edificações muito altas. "Não é uma coisa simplesmente poética, lírica. Tem a ver com a proteção do céu. Fazem coisas feíssimas. Vejo Brasília dividida em várias épocas: a de Juscelino, que é bonita, lindíssima, leve. Depois a dos militares, que vieram com prédios pretos, feios, muito pesados, uma arquitetura muito dura, que não combinava com a leveza de Juscelino. E agora parece uma caricatura de Miami."
Na época, lembra o arquiteto, os colegas reagiram dizendo que a ideia de tombar o céu da capital era "bonitinha", mas nunca discutiram a possibilidade de levá-la adiante. Alguns anos depois, em 2010, Delphim assumiu a coordenação-geral de patrimônio natural do Iphan e teve que se instalar na capital do país. O encantamento com o céu e com a cidade só aumentou.
"Brasília é como se fosse uma bandeja levantada, e o horizonte está abaixo da bandeja. Parece que a cidade se criou acima do horizonte. Tem uma diferença. Parece que Brasília está imersa dentro do céu e acima do próprio horizonte. Quem não consegue captar essa relação com o sol talvez não consiga captar o que Brasília tem de mais bonito, mais sutil", diz.
A cidade, entretanto, tem também uma porção de defeitos para o arquiteto. Delphim diz não gostar da falta de espaços melhor delimitados para os pedestres, além de reclamar do calor.
"Para mim, o que tem de mais bonito em Brasília é o céu, a obra de Niemeyer e a gentileza das pessoas. As pessoas são muito delicadas, especialmente as mais humildes. Tem algumas exacerbações muito estranhas, o comportamento de alguns muito ricos, as mulheres se maquiando com excesso, os saltos tão altos como os edifícios, mas ainda assim, em geral, as pessoas são muito gentis."
Como desejo à cidade pelos 53 anos completados neste domingo, o arquiteto diz que espera que a capital passe a ter mais sombras e estrutura para pedestres. "É impossível andar a pé em Brasília, principalmente se você tiver um problema de locomoção. Tem lugares que você nunca pode atravessar. E não tem como as pessoas que andam a pé se sentirem reconhecidas, como se elas existissem. Queria que Brasília desse menos valor aos carros e tivesse um transporte coletivo digno. Não tem mais onde estacionar." 

Mais que cartão postal
Uma única visita foi suficiente para que o jornalista Bruno Rios se apaixonasse pela capital do país. "A primeira coisa que me chamou atenção em Brasília foi o céu limpo que encontrei assim que desembarquei no Aeroporto JK. Parecia coisa de cinema, algo com o que não estou acostumado em Santos, onde vivo, ou em São Paulo", lembra.

Continua o texto no link:  http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/04/arquiteto-pede-que-iphan-declare-ceu-de-brasilia-patrimonio-natural.html

















Nuvens durante o pôr do sol na Esplanada dos Ministérios (veja galeria de fotos enviadas pelos leitores) (Foto: Maik Becker/VC no G1)

















Céu de Brasília fotografado por internauta
















 
O arquiteto Carlos Fernando de Moura Delphim, que pediu ao Iphan o tombamento do céu de Brasília como patrimônio natural (Foto: Celma de Souza Pinto/Divulgação)

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