quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O 1º Museu da História da Inquisição do Brasil

“O Brasil terá seu primeiro museu sobre a história da Inquisição, revelando verdades que foram escondidas.”
A inquisição chegou a Portugal em dezembro de 1496, quando Dom Manuel casou-se com a viúva do Rei Ferdinando Aragão da Espanha, que havia expulsado os judeus daquele país em 1492. A partir de então, as leis da Inquisição, o Santo Ofício e os Autos-de-fé foram introduzidos em Portugal.
Assim, o Brasil nasceu durante plena Inquisição Íbero-lusitana que durou quase três séculos e meio. Na verdade, o Brasil foi como um “Mar Vermelho” que se abriu para milhares de judeus portugueses que foram forçados sob pena de morte à conversão ao catolicismo. Eram os chamados Cristãos-Novos. “Marranos”, “Anussim” ou mesmo “Criptos-Judeus” que esperavam encontrar no Brasil um lugar mais seguro para se viver, pelo menos, longe das fogueiras inquisitoriais. Entretanto, em 1591, o Brasil recebeu pela primeira vez o Inquisidor português Heitor Furtado de Mendonça que aqui instalou uma extensão do Santo Ofício para perseguir, processar, deportar, torturar e condenar esses imigrantes e seus descendentes, dos quais muitos terminaram executados nas fogueiras da Inquisição em Lisboa.
Essa parte da história será mostrada no 1º Museu da História da Inquisição do Brasil, que ora se inaugura através de painéis, gravuras e pinturas de artistas como o pintor espanhol Francisco Goya e outros, além da exposição de documentos e livros antigos, objetos e até mesmo através de réplicas de alguns equipamentos de tortura em tamanho real como o polé, o pôtro, o garrote e outros.
Todo este projeto é uma iniciativa da ABRADJIN, Associação Brasileira dos Descendentes de Judeus da Inquisição, que é uma fundação privada, instituição com caráter cultural e educativo, sem fins lucrativos, fundada em 09 de agosto de 2000 e que já conta com mais de mil associados, respeitando o direito de crença de cada um. Sua sede está localizada no bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte-MG, e atua por meio do Centro de Cultura e Memória Sefaradita Anussim. Porém, somente agora a ABRADJIN  dá um importante passo ao inaugurar o primeiro Museu da História da Inquisição do Brasil que muito contribuirá no resgate da memória, cultura e legado dos sefaraditas Cristãos-Novos, os quais marcaram importante presença como colonizadores do Brasil. Portanto, este Museu engloba aspectos históricos, culturais, educativos, artísticos, além de contribuir para a inclusão social, combatendo a intolerância religiosa.
“A inauguração do museu acontecerá no dia 19 de agosto próximo e o mesmo estará aberto ao público em geral, principalmente a visitas de professores de história e alunos interessados em enriquecer o conteúdo programático do currículo escolar. Mesmo antes de sua inauguração a ABRADJIN já foi contatada por universidades e escolas que desejam fazer deste museu um centro de extensão de seus respectivos Departamentos de História. Tal fato mostra que há grande interesse pela busca desta parte da história do Brasil que foi omitida nos livros didáticos”, afirmou o fundador e presidente da ABRADJIN, Marcelo Miranda Guimarães.
O Museu da História da Inquisição oferecerá ao público uma biblioteca com mais de 350 obras, constituída por uma coletânea de raríssimos e antigos livros sobre a Inquisição datados de 1637 e outros documentos originais anteriores a esta data. O Museu também conta com um mini-auditório com recursos de multimídia onde são apresentados filmes e documentos sobre o período da Inquisição, além da exposição de fotos, gravuras, textos e de pequenos objetos. Contamos também com um banco de dados para pesquisas sobre a história e origem do povo judeu como um dos colonizadores do Brasil, coletando e listando nomes e sobrenomes judaicos desses importantes colonizadores, dos quais muitos foram condenados e executados pela Inquisição. Além da exposição de objetos e documentos antigos, o museu mostrará vestuários da época e exibirá um pedaço do rolo de uma Torá (Pentateuco) que sobreviveu a perseguição inquisitorial na Espanha, sendo usada ainda por muitos anos por judeus sefaraditas durante a idade média. Esta será, com certeza, uma das maiores preciosidades do Museu.
Uma sala do Museu é chamada “Memorial dos Nomes”, e foi dedicada aos brasileiros vítimas da Inquisição. Nela constarão os nomes e números dos processos de condenação dessas vitimas da crueldade e da intolerância religiosa em nosso país.
 ara alcançar outros projetos, como o financiamento de Bolsas de Estudos para alunos de mestrados e doutorados que desejam abordar em suas teses o tema da Inquisição, mostrando sua origem, os milhares de processos dos condenados à tortura e à fogueira, suas conseqüências e danos causados. Se você deseja contribuir para este projeto, escreva para abradjin@anussim.org.br
Por meio do Museu da História da Inquisição do Brasil, a ABRADJIN  tem por objetivos:
I-      Disponibilizar para a sociedade parte da história da Inquisição Íbero-Luso brasileira que foi omitida devido à intolerância religiosa no período do Brasil colonial, quando milhares de portugueses (dentre eles, judeus, hereges e outros) imigraram para o Brasil fugindo da perseguição, da tortura e da execução nas fogueiras da inquisição.
II-     Utilizar seu patrimônio cultural como recurso educacional, turístico e de inclusão social.
III-    Oferecer para os interessados um vasto material para consulta e estudo, como livros sobre a Inquisição, recursos de multimídia para apresentação de filmes e exposição de fotos, gravuras, textos, pequenos objetos e documentos do tempo da inquisição.
IV-   Promover visitação de professores de História e alunos que desejam enriquecer o conteúdo programático do currículo escolar, fomentando a pesquisa, investigação, crítica e interpretação dos fatos históricos e culturais.
V-    Disponibilizar seus bens culturais para a promoção da dignidade da pessoa humana.
VI-   Auxiliar todo descendente dos “anussim” interessado em descobrir e aprender mais sobre suas raízes.
O museu fica na Rua Cândido Naves, número 55, bairro Ouro Preto, região da Pampulha. O horário de visitação será de terça a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos domingos, das 10h às 16h. O ingresso custa R$ 8. A entrada é gratuita para estudantes e idosos.

Fontes:  http://ensinandodesiao.org.br/artigos-e-estudos/o-1o-museu-da-historia-da-inquisicao-do-brasil/

http://www.defender.org.br/mg-museu-da-historia-da-inquisicao-e-inaugurado-em-belo-horizonte/














  
Fachada do Museu
















Sala "Memorial dos Nomes" - Vítimas da Inquisição no Brasil

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