quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Unicamp se prepara para inaugurar sua nova biblioteca, dedicada a obras raras

Volta e meia, encontramos em bibliotecas ou sebos a inscrição “Livros raros” em alguma prateleira. Mas será que esses lugares têm a infraestrutura necessária para armazenar tais obras? O principal exemplo hoje, no Brasil, é a seção da Biblioteca Nacional (BN) dedicada a mais de 50.000 obras desse tipo. Até o fim de 2013, no entanto, outro exemplo surgirá na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A Biblioteca de Obras Raras (Bora) da universidade terá cerca de 4.000 mil títulos raros e mais de 70.000 de coleções especiais. O material estará acessível também na Internet, e a ideia é aumentar ainda mais o acervo.
“O Brasil não tem nenhum órgão que defina quais obras são raras. Nós adotamos os critérios criados pela BN, mas também nos apoiamos em critérios internacionais. Não existem muitas bibliotecas de obras raras no Brasil, isso é algo recente aqui”, explica Edgar De Decca, coordenador-geral da Unicamp. Segundo ele, apesar de ter títulos comoSermoens (1679-1698), do padre Antônio Vieira, o núcleo principal da Bora são as 5.700 obras da coleção pessoal do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982). “Esse tipo de coleção especial é um segmento da biblioteca de obras raras. Existem, por exemplo, dezenas de edições de Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha, mas apenas um livro com comentários do Sérgio Buarque de Holanda. Também temos a biblioteca do historiador Paulo Duarte (1899-1984), com comentários que mostram um retrato da cultura modernista, e como ele leu essas obras importantes”, diz De Decca.
Todos esses acervos raros e especiais exigem mais cuidados que os demais. Na BN, é feita a restauração, a microfilmagem e a digitalização do material. “É preciso fazer manutenção contínua, e o acesso ao material físico é mais restrito”, conta Ana Virgínia Pinheiro, chefe da Divisão de Obras Raras da BN. Segundo ela, há uma série de critérios que definem quais as obras que merecem esse tratamento privilegiado. O primeiro deles é a idade: todas as publicações do século XVII ou anteriores são enviadas para o setor. “As publicações do século XVIII e posteriores nós selecionamos de acordo com critérios de qualidade, importância histórica e trabalho artístico, entre outros”, explica Ana Virgínia.
Para proporcionar aos livros todas as mordomias necessárias, a estrutura da Bora foi inspirada na biblioteca da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. O projeto custará cerca de R$ 13 milhões e inclui um laboratório de restauro de Primeiro Mundo. A digitalização e a publicação na Internet são uma outra etapa do projeto, que também deve ser concluída em 2013. Para isso, a biblioteca poderá se inspirar no portal www.obrasraras.usp.br, criado pela Universidade de São Paulo (USP) em 2003, onde há mais de 1.000 títulos, datados desde o século XV. E, quem sabe, em breve a USP e outras universidades se inspirem na Unicamp e criem mais bibliotecas com infraestrutura especial para suas obras raras.
Por Cristina Romanelli

Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/raridade-que-nao-acaba-mais















Projeto do Arquiteto Cláudio Mafra

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