Volta e meia, encontramos em
bibliotecas ou sebos a inscrição “Livros raros” em alguma prateleira.
Mas será que esses lugares têm a infraestrutura necessária para
armazenar tais obras? O principal exemplo hoje, no Brasil, é a seção da
Biblioteca Nacional (BN) dedicada a mais de 50.000 obras desse tipo.
Até o fim de 2013, no entanto, outro exemplo surgirá na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp). A Biblioteca de Obras Raras (Bora) da
universidade terá cerca de 4.000 mil títulos raros e mais de 70.000 de
coleções especiais. O material estará acessível também na Internet, e a
ideia é aumentar ainda mais o acervo.
“O Brasil não tem nenhum órgão que defina quais obras são raras. Nós
adotamos os critérios criados pela BN, mas também nos apoiamos em
critérios internacionais. Não existem muitas bibliotecas de obras raras
no Brasil, isso é algo recente aqui”, explica Edgar De Decca,
coordenador-geral da Unicamp. Segundo ele, apesar de ter títulos comoSermoens
(1679-1698), do padre Antônio Vieira, o núcleo principal da Bora são as
5.700 obras da coleção pessoal do historiador Sérgio Buarque de Holanda
(1902-1982). “Esse tipo de coleção especial é um segmento da biblioteca
de obras raras. Existem, por exemplo, dezenas de edições de Os Sertões (1902),
de Euclides da Cunha, mas apenas um livro com comentários do Sérgio
Buarque de Holanda. Também temos a biblioteca do historiador Paulo
Duarte (1899-1984), com comentários que mostram um retrato da cultura
modernista, e como ele leu essas obras importantes”, diz De Decca.
Todos esses acervos raros e especiais exigem mais cuidados que os
demais. Na BN, é feita a restauração, a microfilmagem e a digitalização
do material. “É preciso fazer manutenção contínua, e o acesso ao
material físico é mais restrito”, conta Ana Virgínia Pinheiro, chefe da
Divisão de Obras Raras da BN. Segundo ela, há uma série de critérios que
definem quais as obras que merecem esse tratamento privilegiado. O
primeiro deles é a idade: todas as publicações do século XVII ou
anteriores são enviadas para o setor. “As publicações do século XVIII e
posteriores nós selecionamos de acordo com critérios de qualidade,
importância histórica e trabalho artístico, entre outros”, explica Ana Virgínia.
Para proporcionar aos livros todas as mordomias necessárias, a
estrutura da Bora foi inspirada na biblioteca da Universidade de Yale,
nos Estados Unidos. O projeto custará cerca de R$ 13 milhões e inclui um
laboratório de restauro de Primeiro Mundo. A digitalização e a
publicação na Internet são uma outra etapa do projeto, que também deve
ser concluída em 2013. Para isso, a biblioteca poderá se inspirar no
portal www.obrasraras.usp.br,
criado pela Universidade de São Paulo (USP) em 2003, onde há mais de
1.000 títulos, datados desde o século XV. E, quem sabe, em breve a USP e
outras universidades se inspirem na Unicamp e criem mais bibliotecas
com infraestrutura especial para suas obras raras.
Por Cristina Romanelli
Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/raridade-que-nao-acaba-mais
Projeto do Arquiteto Cláudio Mafra
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