terça-feira, 26 de março de 2013

Saída de emergência

Após desocupação da Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro, ex-moradores visitam locais sugeridos pelo governo para abrigar centro de referência indígena. Mas para Vãngri Kaingang falta “pedaço de mata” nestes espaços

Após meses de muita tensão e expectativa, no final da manhã desta sexta-feira (22), policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar invadiram o prédio do antigo Museu do Índio. Munidos de spray de pimenta e bombas de efeito moral, a intenção da operação “asfixia” era retirar os manifestantes que ainda resistiam à desocupação da Aldeia Maracanã. O prédio histórico não será demolido, mas abrigará o chamado Museu Olímpico do COB.

Segundo a agora ex-moradora da aldeia, Vãngri Kaingang, o próximo passo é escolher um novo abrigo. O governo do Estado se comprometeu em construir, até o final de 2014, um centro de referência indígena, mas os novos locais propostos não agradaram. Uma das reclamações é a falta de um “pedaço de mata”: “Estamos visitando os espaços sugeridos pelo governador Sérgio Cabral [em Jacarepaguá, Bonsucesso e na Quinta da Boa Vista], mas a situação é complicada, pois nenhum deles está fechando muito com os interesses dos índios.”
A polêmica ocupação, que teve início em novembro de 2012, ganhou mais um episódio controverso esta semana, quando o secretário de Esportes e Lazer do Estado do Rio de Janeiro, André Lazaroni, se manifestou sobre o caso. Em entrevista, o político disse que “índio mesmo mora na floresta”, o que foi considerado como " um monte de besteira", pelo antropólogo Mércio Pereira Gomes, ex-presidente da Funai.

Entenda o caso:
A reforma urbano-paisagística no entorno do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, gerou transtorno e, claro, queixas. Em novembro do ano passado, por exemplo, foram cassadas pelo TRF da 2ª Região duas liminares que impediam a demolição do prédio onde funcionou o Museu do Índio, entre 1910 e 1978; assim como a remoção dos cerca de 20 indígenas que vivem no terreno apelidado de Aldeia Maracanã. A situação ali era crítica. Parte do muro da propriedade já havia sido derrubada para dar espaço ao maquinário prestes a funcionar de olho nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014.  No entanto, após o envolvimento de ativistas, políticos e artistas, a decisão de colocar o prédio abaixo foi revogada.

Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/nota/Saida-de-emergencia 




 

 

 

 

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