Patrimônio Histórico vira escombros em Marques de Souza. Casa de 1927, que serviu de cenário de filme, ruiu na terça-feira após anos de abandono.
Marques de Souza - Rio Grande do Sul,
final do século XIX. Em uma região cercada por montanhas e matas próxima a São
Leopoldo, uma jovem de ascendência germânica lidera uma seita religiosa que
gera a controvérsia da comunidade local. A representatividade dos Mucker, como
o grupo ficou conhecido, ganha força e gera, inclusive, a intervenção militar.
Pois esta história de resistência e crença ganhou as telas do cinema mais de um
século depois. E boa parte dela foi contada tendo como cenário localidades do
Vale do Taquari. Nascia assim o filme a Paixão de Jacobina, que teve a
participação de atores e atrizes consagrados, como Thiago Lacerda e Letícia
Spiller. Uma das locações ocorreu no distrito de Tamanduá, interior de Marques
de Souza.
Na época, um conjunto
composto por três casas que serviram de cenário chegou a ser tombado como
patrimônio histórico. Mas, diferentemente do cinema, a vida real não tem
maquiagem, e nos últimos dez anos a falta de investimentos na manutenção de uma
das casas provocou sua ruína. Quando Nilson Luis Cavaleti adquiriu o imóvel
datado de 1927 nem imaginava que seria cenário de filme. “Comprei porque está
numa área de terra de um hectare e até pensei em instalar meu pai, minha mãe.
Mas daí veio o filme, a casa foi tombada e não tive condições de restaurar,
porque é muito caro. Começou a ter infiltração”, conta. No sábado, parte da estrutura,
que eventualmente ainda era utilizado por Cavaleti, não suportou décadas de
abandono e cedeu. Na terça-feira, o vento forte derrubou o restante da
história.
Nada previsto
Em tom de resignação,
o secretário municipal de Educação, Cultura, Turismo e Desporto, Jurandir
Brenner, admite que não há qualquer projeto para reforma ou captação de
recursos relacionado às três casas tombadas em Tamanduá. “Sabemos destas
dificuldades há bastante tempo. Mas depende muito do proprietário fazer ou não
a conservação. Temos consciência que é caro, por isso mesmo é difícil para um
município pequeno conseguir direcionar recursos, tendo tantas necessidades.”
Patrimônio histórico veio abaixo depois de anos de abandono - foto Alício Assunção
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