Após mais de sete anos de processo, o imóvel onde funcionava a indústria
de torrefação Café Santa Efigênia, na Água Branca (zona oeste de São
Paulo), foi tombado pelo Conpresp (conselho municipal do patrimônio
histórico). A resolução foi publicada ontem no "Diário Oficial".
O conjunto que agora deverá ter suas características originais mantidas é
composto por uma chaminé e um sobrado pichado e degradado, com janelas e
telhado praticamente destruídos.
O pedido de tombamento foi feito em 2005, logo após a venda do espaço
para o grupo Sonda, que possui um mercado no terreno ao lado.
Quem deu início ao processo foi a professora da USP Léa Francesconi,
filha do antigo dono da fábrica, que funcionou até o fim dos anos 1990
--o imóvel tinha ficado de herança para um primo dela.
"Vi que ia ter problema após a venda e entrei com o pedido. Parte do
sobrado foi demolida, mesmo com o processo em andamento", afirma.
"Queria reconhecer e preservar o imóvel. As pequenas indústrias foram
muito importantes na história da cidade."
Na resolução, o Conpresp justifica a decisão considerando o valor
histórico do local --"um dos poucos exemplares remanescentes do período
de industrialização ocorrido no final da década de 1920".
Cita o valor arquitetônico, com tipologia peculiar da região, "onde um
único imóvel abrigava moradia, espaços de fabricação e armazenagem".
Para o arquiteto e professor da Mackenzie Marcos Carrilho, o antigo
parque industrial da cidade tem recebido atenção tardia dos órgãos de
preservação. "Muita coisa desapareceu, foi demolida. A questão é como
reaproveitar essas estruturas sem apagar a memória que elas contêm, a
importância histórica que representam."
Procurado pela reportagem, o Sonda não respondeu.
Colaborou EVANDRO SPINELLI
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