O Museu da Liturgia de Tiradentes, inaugurado em
abril, abriga mais de 420 peças de alto valor artístico e histórico dos
séculos 18 e 19. São pinturas, ex-votos, esculturas, paramentos,
castiçais e candelabros de prata e estanho, tocheiros, missais, cálices,
turíbulos, palmas de altar, lanternas e cruzes processionais. Ali, a
construção antiga convive em harmonia com a ampliação de linhas retas e
paredes brancas.
O recém-inaugurado Museu da Liturgia traz para Tiradentes uma
demonstração muito eficiente da convivência do antigo com o moderno. Na
histórica cidade mineira, tem sido mais comum que os acréscimos e anexos
necessários para adequar as construções centenárias a um novo uso
(tanto residencial como comercial) repitam a estética colonial.
No museu, porém, os arquitetos Ângela Arruda Fernandes e Luis
Alberto Therisod, do escritório AF&T Associados, optaram por deixar
bem evidente a intervenção atual.
Uma faixa vertical de vidro separa e integra o núcleo original
(construído para moradia em meados do século 18) e a área nova, com
cobertura de lajes impermeabilizadas. Essa, sem dúvida, foi a
contribuição mais notável dos arquitetos.
Um volume de linhas simples, no qual a grande marquise branca, os generosos panos de vidro e a ausência de telhas de barro na cobertura já indicam, desde o pátio de acesso, que se trata de uma intervenção contemporânea.
A mesma proposta foi aplicada no anexo de 185 metros quadrados, destinado a abrigar reserva técnica, laboratório, núcleo de pesquisa e espaço educativo.
As duas áreas recentes não travam competição com a mais antiga. Elas são coadjuvantes, deixando o papel principal para a construção setecentista.
Por isso, o trabalho mais árduo - e hoje praticamente invisível - foi o de restauro e adequação da edificação existente, que tinha aproximadamente 250 metros quadrados.
Ao longo do século passado, foram feitas três intervenções que aumentaram a área construída. Internamente, a casa colonial foi sendo adaptada para diferentes usos: paredes foram erguidas, quartinhos e banheiros foram instalados.
A cada intervenção no pavimento térreo correspondia uma coluna ou parede de sustentação no subsolo, transformando o porão num labirinto quase impenetrável. Tudo isso foi removido.
Um volume de linhas simples, no qual a grande marquise branca, os generosos panos de vidro e a ausência de telhas de barro na cobertura já indicam, desde o pátio de acesso, que se trata de uma intervenção contemporânea.
A mesma proposta foi aplicada no anexo de 185 metros quadrados, destinado a abrigar reserva técnica, laboratório, núcleo de pesquisa e espaço educativo.
As duas áreas recentes não travam competição com a mais antiga. Elas são coadjuvantes, deixando o papel principal para a construção setecentista.
Por isso, o trabalho mais árduo - e hoje praticamente invisível - foi o de restauro e adequação da edificação existente, que tinha aproximadamente 250 metros quadrados.
Ao longo do século passado, foram feitas três intervenções que aumentaram a área construída. Internamente, a casa colonial foi sendo adaptada para diferentes usos: paredes foram erguidas, quartinhos e banheiros foram instalados.
A cada intervenção no pavimento térreo correspondia uma coluna ou parede de sustentação no subsolo, transformando o porão num labirinto quase impenetrável. Tudo isso foi removido.
O piso do subsolo foi rebaixado e a sala principal da antiga
moradia, livre de paredes internas, tornou-se o maior espaço de
exposição do museu.
Para não comprometê-lo, a porta original permanece fechada e o acesso foi deslocado para o pátio lateral.
Todos os elementos da construção original foram mantidos ou
restaurados, assegura Ângela. “Nas fachadas laterais, as esquadrias
retiradas em reformas anteriores foram resgatadas ou reconstruídas e
instaladas nos locais dos vãos originais”, revela a arquiteta.
O piso e o forro do núcleo original estavam de tal modo
deteriorados que foram totalmente substituídos, ganhando tratamento
acústico fundamental para o novo uso.
Todas as salas são climatizadas e, no subsolo, devido ao pé-direito baixo, os dutos foram instalados na parede lateral.
O hall de entrada, com altura dupla, abriga a circulação
vertical (pequeno elevador e escada metálica) e permite a integração
museográfica dos dois pavimentos. O piso faz referência aos tapetes de
serragem usados em algumas procissões.
O processo de conceituação, estruturação, projeto e implantação
do Museu da Liturgia durou cerca de dois anos. Desde o início,
arquitetura e museografia foram concebidas em harmonia.
O designer Ronaldo Barbosa, responsável pelo projeto museográfico, participou de todas as fases do processo.
Texto de Airton Ribeiro
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 391 Setembro de 2012
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 391 Setembro de 2012
Mais detalhes e imagens no Site: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/aft-associados-museu-tiradentes-minas-gerais-19-12-2012.html
À esquerda, a fachada da casa original (do século 18) depois de restaurada
O pátio de acesso, com vista da parte de trás da edificação original. À direita, a ampliação separada por uma faixa vertical de vidro
Materiais aparentes caracterizam os interiores
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