Obra do arquiteto Daniel Libeskind provoca reflexões sobre a guerra.
Mariane Morisawa - Revista Casa Cláudia Luxo Edição 27
O próprio edifício que abriga o novo Museu da História Militar, em Dresden, conta a trajetória belicosa da Alemanha. Entre 1873 e 1876, o prédio serviu como arsenal , para, em 1897, ser transformado em museu - primeiro saxão, depois nazista, soviético e alemão oriental. Só sobreviveu aos bombardeios aliado que destruíram a cidade porque estava fora do centro. Com a queda do Muro de Berlim, foi fechado, mas, em 2001, decidiu-se construir uma extensão para refletir sobre o que o país pensa sobre a guerra.
A tarefa coube a Daniel Libeskind, nascido na Polônia, filho de sobreviventes do Holocausto e famoso por seus projetos de Museus Judaicos. Era o arquiteto perfeito para fazer uma interrupção na simetria da construção antiga, com um "iceberg" de cinco andares de concreto, aço e vidro. Uma plataforma a 25 metros de altura promove vistas da Dresden moderna, enquanto a ponta indica o local onde os bombardeios da Segunda Guerra começaram.
A história militar está exposta no edifício antigo, e o novo abriga exibições que mostram como forças da sociedade e impulsos humanos criam a cultura da violência.A transparência da estrutura dramática de Libeskind representa a busca da Alemanha por encarar seu passado.
Ao analisar a obra de Libeskind, a primeira sensação que eclode é a de
espanto, de desorientação, quem sabe até de horror. É clara a intenção
do arquiteto de rompimento com o tradicional, deslocando a mente do
observador para um fenônemeno atípico, um volume pontiagudo que corta um
outro bloco já consolidado. Não parece simples entender o propósito
daquela forma desenhada, mas talvez mais fácil compreender que a união
de dois tempos diferentes serve para melhor entendê-los e destacá-los na
visão do homem. O contraste levanta questionamentos e volta o
pensamento para a indagação de uma possível justificativa, sendo então
explicíta a proposta conceitual de causar esse espanto e por seguinte de
tentar entender o conflito desses dois volumes que no fim tornam-se
únicos.
Sobre um bloco horizontal de característica neocolonial – um
museu antigo que conta a história militar da Alemanha – é transpassado
um volume pontiagudo de aço e concreto que se ergue e ultrapassa suas
arestas, projetando-se de maneira desequilibrida em relação à paisagem. A
massa de junções metálicas, se analisada em planta, rompe com a
ortogonalidade do edíficio original e de certa forma se aglutina a ele,
como se a união de um sólido retangular com um triangular, cheio de
ângulos agudos, fosse algo simples de se concretizar e assimilar.
Fontes: Revista Casa Cláudia Luxo Edição 27.
http://www.arquitetonico.ufsc.br/museu-da-historia-militar-de-dresden
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