segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Revitalização da estação da Leopoldina, Rio de Janeiro

Os mais de dez anos decorridos desde que foi desativada não reduziram a imponência da estação da Leopoldina, uma das mais belas construções ferroviárias do país, embora exiba as marcas do tempo. Recentemente, acendeu-se uma luz no horizonte da edificação localizada no centro do Rio de Janeiro, e quem a acionou foi a SuperVia, concessionária que opera o serviço de trens de passageiros naquela capital.
Na primeira quinzena de agosto, a SuperVia anunciou ter contratado um projeto para a revitalizar e modernizar o espaço, proposta que precisa ser submetida ao Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), em razão de o conjunto ser tombado.
 
Embora não fosse sua intenção, a própria empresa contribuiu para a debacle da construção ao encerrar, em 2001, as atividades da Leopoldina e transferir o tráfego de trens para a Central do Brasil.
O prédio, desenhado pelo inglês Robert Prentice e inaugurado em 1926, será restaurado e modernizado a partir de projeto do escritório RAF Arquitetura. A intervenção no conjunto (cogitado para ser o ponto de chegada/partida do trem de alta velocidade [TAV] que, nos próximos anos, deverá reconectar por via férrea São Paulo e Rio) prevê o restauro e a limpeza de fachadas, a instalação de nova iluminação interna e externa e de um sistema de detecção de incêndio.

Algumas ocupações foram propostas para o conjunto desde que ele perdeu a função original. Na edição 290, de outubro de 2004, PROJETO DESIGN publicou o projeto que o arquiteto Rodrigo Azevedo criou para o local, por encomenda do governo do estado.

Ele propunha transformar a estação em Museu do Trem e construir, próximo dele, um centro cultural. “O programa de usos foi definido a partir de uma extraordinária demanda que começa a se configurar no entorno”, afirmou Azevedo na ocasião.

Área de exposições, auditórios e cinemas fariam parte do novo volume. Para Azevedo, o programa continua válido. “O Museu do Trem, junto ao Engenhão [Estádio João Havelange], continua em situação precária, com seu acervo em risco”, ele explica, acrescentando que, nesse período, sua proposta foi ampliada. “Desenvolvi um master plan com habitações, comércio e centro comercial para todo o terreno, que continua em suspenso por conta do TAV”, explica.

Na intervenção idealizada pela RAF, a estação da Leopoldina poderá também servir como espaço de atendimento ao público da SuperVia e seu salão alugado para eventos diversos. Mas o arquiteto Aníbal Sabrosa, sócio do escritório de arquitetura, sonha mesmo é em ver complementada - com linguagem contemporânea, ele ressalva - a volumetria do projeto original de Prentice.

Azevedo e RAF são, por assim dizer, passageiros à espera do trem na mesma estação. Algum deles conseguirá embarcar?

Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 392 Outubro de 2012
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RAF Arquitetura desenvolveu para a concessionária SuperVia o projeto para restaurar a estação, que poderá ser usada pelo TAV
 
 













 
 
O projeto de Rodrigo Azevedo para a estação da Leopoldina previa volume cultural anexo. Posteriormente, o arquiteto fez o plano diretor para o complexo

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