A beleza que se atreve ao tempo ganha uma nova chance em Corumbá.
Inclusa no PAC, a cidade vai reformar o passado, salvando para os
apreciadores do presente e os que ainda virão cenários dos prósperos
tempos em que tinha um dos portos mais movimentados de América do Sul.
Vencida as burocracias, a primeira restauração a sair do papel será
da antiga Prefeitura. O prédio se ergue imponente em frente à Praça da
Independência. Trancado a sete chaves para salvaguardar o interior
totalmente degradado, o imóvel não deixa de impressionar. Há solidez nas
colunas, entalhes na madeira das portas, delicados detalhes por toda a
fachada.
“A reforma da antiga prefeitura é o caso mais imediato. É bem antigo e
está acabado. Lá, vai funcionar um prédio público e o centro de
atendimento ao turista”, afirma a primeira-dama e diretora-presidente da
Fundação de Desenvolvimento Urbano e Patrimônio Histórico, Maria Clara
Scardini.
A inclusão de Corumbá no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
das Cidades Históricas foi anunciada no dia 30 de janeiro. A lista dos
municípios escolhidos conta com 44 nomes, como Olinda (PE), São João Del
Rei e Ouro Preto, ambos em Minas Gerais.
Maria Clara explica que o diferencial dessa nova iniciativa para
proteger o patrimônio histórico no Brasil é a oferta de linha de
financiamento para imóveis particulares. Ao todo, o programa
disponibiliza R$ 1 bilhão para o setor público e R$ 300 milhões para o
setor privado. Os recursos serão disputados por todas as cidades.
Na próxima terça-feira, em Brasília, a diretora vai apresentar a
lista com as 17 obras pleiteadas pelo município. Em março, será a vez da
defesa técnica dos projetos. O custo total está em fase de
levantamento. Outra prioridade é dar nova cara à rua Delamare. De acordo
com Maria Clara, a requalificação do espaço urbano inclui embutir a
fiação e nivelar o pavimento.
A fachada em estilo neoclássico do ILA (Instituto Luiz Albuquerque)
oculta um interior necessitado de reformas. O prédio foi construído
entre 1918 e 1922 para ser escola. Noventa anos depois, abriga duas
bibliotecas. O porão alimenta o folclore de que o local já foi prisão.
Na verdade, conta a gerente de Patrimônio Histórico, Ana Paula Badari, o
subsolo mais alto foi para nivelar a construção e os “respiradores”
foram solução de arquitetura para ventilar o piso de madeira.
O valor da história – Para incentivar que donos de
imóveis busquem a linha de financiamento para as obras, a aposta é no
diálogo. “Vamos nos reunir com os comerciantes, falar dos projetos para
os imóveis que tenham valor de patrimônio histórico. Explicar as
vantagens, de como transforma a nossa cidade. O grande diferencial é a
história, a cultura”, salienta Maria Clara.
Sob os olhos da águia que repousa no teto, as janelas do prédio
Vaquez e Filhos já não se abrem de para em par. Com vista para o rio
Paraguai, o imóvel construído em 1909, com a assinatura do arquiteto
italiano Martino Santa Lucci, foi interditado em dezembro. Em meio à
chuva forte, a parede do prédio desmoronou. O imóvel não pertence ao
poder público.
O desmoronamento impediu a reinauguração da escadinha da XV. De
acordo com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional), foram investidos R$ 251 mil para estabilizar as encostas. A
pouca distância, o prédio Wanderley, Baís & Cia, construído em 1876,
teve melhor sorte. O imóvel de três andares, ligados por escadas
importadas da Inglaterra, é sede do Muphan (Museu de História do
Pantanal).
A empresa realizava transportes de mercadorias e passageiros entre os
portos de Corumbá e Cuiabá, e mantinha negócios com os centros
europeus. O Casario do Porto foi tombado pelo Iphan em 1992. Por Aline dos Santos
Fonte: http://www.defender.org.br/corumbams-uma-nova-chance-para-a-beleza-que-se-atreve-ao-tempo/
Casarão da Prefeitura antiga espera por reforma. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Em dezembro, parte do prédio Vasquez e Filhos desmoronou. (Foto: Rodrigo Pazinato)
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