Um sobrado sustentado por escoras, uma igreja interditada, uma capela
em ruínas. Todos eles sairão do abandono rumo à redenção. Esse é o
caminho prometido para 16 bens tombados do estado que receberam
autorização ontem para obras e projetos de restauração. O Instituto
Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG)
assinou as ordens de serviço para recuperação de igrejas, sobrado e
capela em risco. O investimento, de R$ 5,6 milhões, é o maior destinado
ao patrimônio nos últimos 10 anos e esperança para quem vê a história
ruir pela ação do tempo e do descaso. O órgão promete lançar, no mês que
vem, novo pacote de obras, no valor de R$ 5 milhões, que contemplará
mais oito edificações.
O gerente do Programa Minas Patrimônio Vivo, projeto estruturador do
estado, Diogo Corgosinho Borges, informou que a seleção das obras
considerou o estado crítico dos prédios. “Levamos em conta a urgência
técnica e priorizamos as edificações com risco e problemas graves.
Alguns estão em situação alarmante”, afirmou. O pacote lançado ontem
inclui seis obras, entre intervenções estruturais e de recuperação dos
elementos artísticos internos dos templos, além de 10 projetos
executivos. O prazo de conclusão das ações é de três a cinco meses para
os projetos e de seis a oito meses para obras.
Com o investimento, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção da
Lapa, no distrito de Ravena, em Sabará, na Grande BH – uma das
principais beneficiadas, com R$ 1 milhão em investimentos –, voltará a
reluzir como joia do patrimônio mineiro. Interditado pela má condição de
sua estrutura, o templo religioso de 1750 vai passar por obras de
restauração dos elementos artísticos internos, ou seja, adornos,
afrescos e pinturas.
A igreja traz marcas da arquitetura colonial desenvolvida no Ciclo do
Ouro e, por pouco, não foi destruída. “Ela está com graves problemas
estruturais e no último estágio de degradação. A madeira que sustentava
as pinturas estava muito fina, consumida por cupins”, explicou a
restauradora Mara Fantini, responsável pela obra. Escorado por madeiras e
a ponto de ir ao chão, o Sobrado Dário de Magalhães, em Minas Novas, no
Vale do Jequitinhonha, futura sede do Museu dos Percursos, é um dos
imóveis em pior estado. A recuperação da estrutura vai levar 18 meses e
custar R$ 820 mil.
É em Conceição do Mato Dentro, na Região Central, que há o maior
número de ações previstas, com a elaboração de projetos executivos de
três bens: Igreja de São Francisco de Assis, distrito de Costa Sena,
Capela do Senhor dos Passos e Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Aparecida, ambos no distrito de Córregos.
Mas talvez seja a Igreja Matriz de Santo Antônio, em Itacambira, no
Norte de Minas, que represente melhor a restauração. Há um ano, o templo
foi arrombado por ladrões, que levaram cinco peças sacras. O prédio
estava sem alarme e suscetível a riscos. Agora, a matriz, já protegida,
receberá investimentos de R$ 849 mil. “Vamos fazer a restauração das
fundações, revestimentos, janelas, portas, alvenarias”, detalhou o
restaurador, Renato Pinheiro Cury.
Mais alarmes contra furtos
Proteção máxima das relíquias da história mineira. Até junho, o
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais
(Iepha) se comprometeu a instalar alarmes em todos os bens tombados com
acervo artístico relevante. O objetivo é passar dos 51 prédios
protegidos hoje para cerca de 70 a 80 edificações, de um total de 135
tombamentos do Iepha. “Há casos como serras, praças ou edificações sem
acervo relevante em que não há necessidade do sistema de segurança, mas
em todos os outros instalaremos alarmes”, afirma o gerente do Programa
Patrimônio Vivo, Diogo Corgosinho Borges.
A equipe tem enfrentado problemas operacionais para a expansão do
sistema. “O alarme funciona com sinal de celular e alguns municípios não
contam com antenas”, afirma. O contrato com a empresa de segurança gira
em torno dos R$ 360 mil e foi assinado, no ano passado, após o roubo de
cinco imagens na Igreja Matriz de Santo Antônio, em Itacambira, no
Norte de Minas. o roubo expôs a fragilidade da segurança patrimonial e,
como denunciou o EM em série de reportagens, foi descoberto que 40
monumentos históricos de Minas estavam com alarmes desligados desde
2011.
Construções revitalizadas
Bens que serão recuperados
Conservação e restauração dos elementos artísticos
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção da Lapa (distrito de Ravena, Sabará)
Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, distrito de Alto Maranhão (Congonhas)
Igreja Matriz de Santana (Congonhas do Norte)
Conservação e restauração dos elementos artísticos
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção da Lapa (distrito de Ravena, Sabará)
Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, distrito de Alto Maranhão (Congonhas)
Igreja Matriz de Santana (Congonhas do Norte)
Obra de restauração
Sobrado Dário de Magalhães (Minas Novas)
Igreja Matriz de Santo Antônio (Itacambira)
Igreja do Divino Espírito Santo do Cerrado (Uberlândia)
Sobrado Dário de Magalhães (Minas Novas)
Igreja Matriz de Santo Antônio (Itacambira)
Igreja do Divino Espírito Santo do Cerrado (Uberlândia)
Projeto executivo de restauração
Capela do Senhor dos Passos, distrito de Córregos (Conceição do Mato Dentro)
Igreja de São Francisco de Assis (distrito de Costa Sena, Conceição do Mato Dentro)
Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida (distrito de Córregos, Conceição do Mato Dentro)
Igreja de Santa Isabel da Hungria (Caxambu)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Minas Novas)
Igreja Matriz de São Francisco de Assis (Minas Novas)
Igreja Matriz de São Gonçalo (distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro)
Igreja de Santo Antônio, em Santo Antônio do Pirapetinga (distrito de Bacalhau, Piranga)
Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres (distrito de Milho Verde, Serro)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, distrito de Brejo do Amparo (Januária)
Fonte: Iepha/MG
Capela do Senhor dos Passos, distrito de Córregos (Conceição do Mato Dentro)
Igreja de São Francisco de Assis (distrito de Costa Sena, Conceição do Mato Dentro)
Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida (distrito de Córregos, Conceição do Mato Dentro)
Igreja de Santa Isabel da Hungria (Caxambu)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Minas Novas)
Igreja Matriz de São Francisco de Assis (Minas Novas)
Igreja Matriz de São Gonçalo (distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro)
Igreja de Santo Antônio, em Santo Antônio do Pirapetinga (distrito de Bacalhau, Piranga)
Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres (distrito de Milho Verde, Serro)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, distrito de Brejo do Amparo (Januária)
Fonte: Iepha/MG
MEMÓRIA: Degradação elevada
A degradação do patrimônio histórico afeta 70% das igrejas, capelas e
conventos de Minas Gerais, segundo levantamento do Ministério Público,
feito pela Coordenadoria das Promotorias de Defesa do Patrimônio
Cultural e Turístico (CPPC). Foi o que mostrou reportagem do EM no
sábado passado. A estimativa é de que o estado tenha 5 mil templos
religiosos de vários estilos, a maioria ameaçada por problemas como
furtos de peças, risco de incêndio, gambiarras na parte elétrica, entre
outros. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades
Históricas, anunciado em 2009 pelo governo federal, destina
investimentos para oito municípios mineiros. Em março sairá a lista das
ações aprovadas. Por Flávia Ayer
Fonte: http://www.defender.org.br/iepha-libera-r-56-milhoes-para-restaurar-16-bens-em-mg/
Reforma da Matriz de Nossa Senhora da Assunção da Lapa, no distrito de Ravena, em Sabará, do século 18, custará R$ 1 milhão
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