domingo, 24 de fevereiro de 2013

Iepha libera R$ 5,6 milhões para restaurar 16 bens em MG

Um sobrado sustentado por escoras, uma igreja interditada, uma capela em ruínas. Todos eles sairão do abandono rumo à redenção. Esse é o caminho prometido para 16 bens tombados do estado que receberam autorização ontem para obras e projetos de restauração. O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG) assinou as ordens de serviço para recuperação de igrejas, sobrado e capela em risco. O investimento, de R$ 5,6 milhões, é o maior destinado ao patrimônio nos últimos 10 anos e esperança para quem vê a história ruir pela ação do tempo e do descaso. O órgão promete lançar, no mês que vem, novo pacote de obras, no valor de R$ 5 milhões, que contemplará mais oito edificações.
O gerente do Programa Minas Patrimônio Vivo, projeto estruturador do estado, Diogo Corgosinho Borges, informou que a seleção das obras considerou o estado crítico dos prédios. “Levamos em conta a urgência técnica e priorizamos as edificações com risco e problemas graves. Alguns estão em situação alarmante”, afirmou. O pacote lançado ontem inclui seis obras, entre intervenções estruturais e de recuperação dos elementos artísticos internos dos templos, além de 10 projetos executivos. O prazo de conclusão das ações é de três a cinco meses para os projetos e de seis a oito meses para obras.
Com o investimento, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção da Lapa, no distrito de Ravena, em Sabará, na Grande BH – uma das principais beneficiadas, com R$ 1 milhão em investimentos –, voltará a reluzir como joia do patrimônio mineiro. Interditado pela má condição de sua estrutura, o templo religioso de 1750 vai passar por obras de restauração dos elementos artísticos internos, ou seja, adornos, afrescos e pinturas.
A igreja traz marcas da arquitetura colonial desenvolvida no Ciclo do Ouro e, por pouco, não foi destruída. “Ela está com graves problemas estruturais e no último estágio de degradação. A madeira que sustentava as pinturas estava muito fina, consumida por cupins”, explicou a restauradora Mara Fantini, responsável pela obra. Escorado por madeiras e a ponto de ir ao chão, o Sobrado Dário de Magalhães, em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, futura sede do Museu dos Percursos, é um dos imóveis em pior estado. A recuperação da estrutura vai levar 18 meses e custar R$ 820 mil.
É em Conceição do Mato Dentro, na Região Central, que há o maior número de ações previstas, com a elaboração de projetos executivos de três bens: Igreja de São Francisco de Assis, distrito de Costa Sena, Capela do Senhor dos Passos e Igreja Matriz de Nossa Senhora da Aparecida, ambos no distrito de Córregos.
Mas talvez seja a Igreja Matriz de Santo Antônio, em Itacambira, no Norte de Minas, que represente melhor a restauração. Há um ano, o templo foi arrombado por ladrões, que levaram cinco peças sacras. O prédio estava sem alarme e suscetível a riscos. Agora, a matriz, já protegida, receberá investimentos de R$ 849 mil. “Vamos fazer a restauração das fundações, revestimentos, janelas, portas, alvenarias”, detalhou o restaurador, Renato Pinheiro Cury.

Mais alarmes contra furtos
Proteção máxima das relíquias da história mineira. Até junho, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) se comprometeu a instalar alarmes em todos os bens tombados com acervo artístico relevante. O objetivo é passar dos 51 prédios protegidos hoje para cerca de 70 a 80 edificações, de um total de 135 tombamentos do Iepha. “Há casos como serras, praças ou edificações sem acervo relevante em que não há necessidade do sistema de segurança, mas em todos os outros instalaremos alarmes”, afirma o gerente do Programa Patrimônio Vivo, Diogo Corgosinho Borges.
A equipe tem enfrentado problemas operacionais para a expansão do sistema. “O alarme funciona com sinal de celular e alguns municípios não contam com antenas”, afirma. O contrato com a empresa de segurança gira em torno dos R$ 360 mil e foi assinado, no ano passado, após o roubo de cinco imagens na Igreja Matriz de Santo Antônio, em Itacambira, no Norte de Minas. o roubo expôs a fragilidade da segurança patrimonial e, como denunciou o EM em série de reportagens, foi descoberto que 40 monumentos históricos de Minas estavam com alarmes desligados desde 2011.

Construções revitalizadas
Bens que serão recuperados
Conservação e restauração dos elementos artísticos
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção da Lapa (distrito de Ravena, Sabará)
Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, distrito de Alto Maranhão (Congonhas)
Igreja Matriz de Santana (Congonhas do Norte)
Obra de restauração
Sobrado Dário de Magalhães (Minas Novas)
Igreja Matriz de Santo Antônio (Itacambira)
Igreja do Divino Espírito Santo do Cerrado (Uberlândia)
Projeto executivo de restauração
Capela do Senhor dos Passos, distrito de Córregos (Conceição do Mato Dentro)
Igreja de São Francisco de Assis (distrito de Costa Sena, Conceição do Mato Dentro)
Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida (distrito de Córregos, Conceição do Mato Dentro)
Igreja de Santa Isabel da Hungria (Caxambu)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Minas Novas)
Igreja Matriz de São Francisco de Assis (Minas Novas)
Igreja Matriz de São Gonçalo (distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro)
Igreja de Santo Antônio, em Santo Antônio do Pirapetinga (distrito de Bacalhau, Piranga)
Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres (distrito de Milho Verde, Serro)
Igreja de Nossa Senhora do Rosário, distrito de Brejo do Amparo (Januária)
Fonte: Iepha/MG

MEMÓRIA: Degradação elevada A degradação do patrimônio histórico afeta 70% das igrejas, capelas e conventos de Minas Gerais, segundo levantamento do Ministério Público, feito pela Coordenadoria das Promotorias de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC). Foi o que mostrou reportagem do EM no sábado passado. A estimativa é de que o estado tenha 5 mil templos religiosos de vários estilos, a maioria ameaçada por problemas como furtos de peças, risco de incêndio, gambiarras na parte elétrica, entre outros. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, anunciado em 2009 pelo governo federal, destina investimentos para oito municípios mineiros. Em março sairá a lista das ações aprovadas. Por Flávia Ayer

Fonte:  http://www.defender.org.br/iepha-libera-r-56-milhoes-para-restaurar-16-bens-em-mg/













Reforma da Matriz de Nossa Senhora da Assunção da Lapa, no distrito de Ravena, em Sabará, do século 18, custará R$ 1 milhão

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